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terça-feira, 14 de junho de 2016

Amor num frasco de camarão

"Um romance que começou com um simples frasco de crustáceos!

Os jornais da época chamaram-lhes 'noivos do ano' e foram-no, de facto. O casamento de Eusébio e Flora, ou Lolita como era conhecida em Lourenço Marques, parou a cidade de Lisboa. E tudo começou com um frasco de camarão...
Corria o ano de 1963 e a jovem Lolita, promissora ginasta, estava de malas aviadas para Lisboa integrada na equipa de ginástica da Associação Africana. Assim que soube, a mãe de Eusébio aproveitou para lhe pedir um grande favor: que entregasse ao filho um frasco de camarões, petisco que ele adorava. Ela, solícita como sempre, assim fez, longe de imaginar que aquele frasco de crustáceos lhe iria mudar a vida. O que seria um encontro rápido transformou-se em horas de conversa, que se prolongaram após o regresso de Flora a Lourenço Marques através das cartas que trocaram incessantemente. Em entrevista ao jornal A Bola, dois anos depois e já noiva do 'Pantera Negra', Flora confessou que Eusébio era nas cartas como era ao vivo: 'Muito delicado, muito amável, encantadoramente simples'.
A 22 de Setembro de 1965, casaram pelo registo, ela com 22 anos e ele com 23, e a 8 de Outubro fizeram a cerimónia religiosa debaixo de chuva torrencial que não assustou os noivos, nem os convidados e muito menos os curiosos. A Igreja de Benfica era pequena para todos os queriam assistir à cerimónia. Nunca o casamento de um desportista tinha despertado tanto interesse popular! Eusébio bem tentou manter o local em segredo mas não conseguiu... 'Eu tinha pedido a vocês e aos outros jornais que não dissessem mas infelizmente houve quem me traísse'. Quando questionada se estaria preparada para todo o mediatismo e as ausências a que o futebol obriga, Flora respondeu com segurança: 'Já vinha preparada. Gosto dele e estou preparada para receber a vida como a vida é'.
Depois do copo-d'água, onde o monumental bolo da noiva que pesava uns simpáticos 45 Kg surpreendeu os cerca de 200 convidados, os recém-casados rumaram a Linda-a-Velha, onde iriam viver. Dali a três dias, Eusébio partia para a Áustria, onde o Benfica iria disputar um jogo amigável, mas nem os compromissos desportivos do Clube os impediam de sonhar. Lua de mel, possivelmente, só no defeso. E para onde iriam? 'Para o fim do mundo. Sozinhos, os dois'.
Pode saber mais sobre a preenchida vida de Eusébio na área 24. O 'Pantera Negra' e outras lendas, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Furtado, in O Benfica

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