"Disse Jorge Jesus, após o dérbi, que 'apenas trabalho não bastá, é preciso qualidade'. Frase certeira no momento apropriado, não apenas enquanto expressão do resultado frente ao rival, que tem de ser relativizado, mas sobretudo enquanto panorama realista do mercado de transferências e, em especial, das profundas alterações e turbulências que se abatem sobre os clubes mal a época termina.
Vivemos num tempo em que poucos são os clubes com sucesso no palco europeu que conseguem manter as suas equipas intactas. Quer se goste ou não, é uma realidade que nos ultrapassa e, como Luís Filipe Vieira tem reconhecido bem, devemos saber lidar com ela, sem complexos, quer do ponto de vista desportivo, quer financeiro. Penso, no entanto, que os clubes de sucesso - como indiscutivelmente o é o Benfica - que não se enquadram na restrita oligarquia de clubes europeus a quem o dinheiro nunca acaba, terão no futuro de encontrar mecanismos jurídicos, económicos e desportivos que permitam um grau razoável de continuidade face às épocas em que obtêm sucesso. Aliás, uma das razões para a prestação coerente do Sporting na final da Taça de Honra, tal como apontado pelo próprio Jorge Jesus, foi a escassa relevância das alterações face ao plantel da época anterior. Como é que isto pode ser feito? Que mecanismos poderão ser encontrados? A resposta não é fácil de ser dada, mas deverá ser encontrada algures entre formas jurídicas consistentes de acordo entre as federações de futebol ou os clubes - e não apenas dentro da tal oligarquia - e com a aplicação rigorosa de regras de fair play financeiro, tal como tem sido defendido aos quatro ventos pela própria FIFA mas posto em prática de forma muito pouco visível. O futebol precisa de livre concorrência, é certo. Mas precisa igualmente de integridade, justiça, transparência e fair play! É aí que a maravilha do trabalho realizado se casa com o sucesso desportivo."
André Ventura, in O Benfica
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