"Benfica extenuado aguentou no limite o "forcing" vilacondense.
Com 56 jogos oficiais nas pernas, o Benfica avançou, domingo, para o derradeiro teste da época, frente ao Rio Ave, na final da Taça de Portugal, e acabou por ser bem sucedido (1-0), conseguindo o pleno a nível interno. Uma tarefa que já se sabia que não iria ser fácil, dadas as periclitantes condições físicas que, naturalmente, afectavam o conjunto encarnado, já para não falar dos eventuais condicionamentos de ordem psicológica, após a tentativa falhada na Liga Europa.
Para além de tudo isso, importava não subestimar também as qualidades do adversário, a tornarem ainda mais ingrata a missão dos novos campeões. De facto, revelando uma especial propensão para as Taças - eliminou o Braga nas duas provas, chegando assim às finais - o Rio Ave via aqui, na festa do Jamor, uma boa possibilidade de saldar as contas com o Benfica e, deste modo, responder com juros à desfeita do primeiro ajuste, em Leiria. Mas foi o Benfica a começar melhor, ao contrário do que sucedera na recente primeira final entre ambos.
Já com Salvio e Enzo no onze, mas ainda sem Fejsa, Siqueira ou Markovic (entraria mais tarde), a equipa mostrou-se mais balanceada ofensivamente, perante um Rio Ave muito contido, que raramente apostou no ataque. Por isso, não surpreendeu que o Benfica se adiantasse no marcador, por Gaitán (20'), num soberbo remate ao ângulo, e, por pouco, Garay não fizesse o 2º golo, valendo então uma defesa por instinto de Ederson. Ao intervalo, a vantagem do Benfica justificava-se plenamente.
Utilizando um dos muitos lugares-comuns de que o nosso futebol é fértil, também aqui se dirá que o jogo teve duas partes distintas, uma vez que, após o descanso, tudo se modificou. Sem ter procedido a quaisquer alterações, o Rio Ave surgiu em campo com outra disposição atacante, mais adiantado no terreno, pressionando mais, e a verdade é que tomou conta do jogo. E de tal forma o conseguiu que não se compreende como é que se permitiu "passear"durante 45', quando poderia ter recolhido dividendos em caso de maior e mais precoce atrevimento.
Foi a vez do Rio Ave carregar sobre o meio-campo contrário, tornando cada vez mais visível a fragilidade física dos jogadores encarnados, cujas substituições poderiam muito bem ter ocorrido mais cedo. Depois de André Gomes ter rendido Amorim, na posição de médio mais defensivo, Markovic só entrou aos 66' (saiu Rodrigo), enquanto Cardozo foi utilizado apenas três minutos, trocando com Gaitán. Cautelas tendo em vista um eventual prolongamento? Mesmo assim...
Enquanto isso, o Rio Ave recrudesceu de intensidade atacante, o tridente ofensivo (Pedro Santos, Ruben e Ukra), bem secundado por um miolo incansável onde Tarantini era a figura de proa, foi pondo à prova o guardião Oblak e nisso até se destacaram os centrais Marcelo e Rodriguez, numa prova de assédio total. Para cúmulo, Pedro Santos atirou ao poste e pairou no Jamor a hipótese do empate e consequente tempo-extra. Algo que para o Benfica não viria nada a calhar, como se calcula.
A entrada de Markovic ainda permitira ao Benfica afastar algum jogo das imediações da sua área, transferindo-o lá mais para longe, mas as apostas de Espírito Santo, ao fazer entrar Diego Lopes e Hassan, voltaram a reforçar as pretensões dos de Vila do Conde, que, até final, perseguiram o golo que lhes concederia sonhar ainda. Valeu aí também a atenção do esloveno que guarda a baliza da Luz e, bem assim, a habitual capacidade de resposta de Luisão e Garay.
Vitória, portanto, muito suada do Benfica, que revelou um grande espírito de sacrifício, após uma temporada particularmente preenchida. Agora, perante um adversário muito mais "fresco", pode dizer-se que foi heróica a resistência dos encarnados. Se é verdade que a 2ª parte do Rio Ave merecia ser premiada, também é certo que, depois "daquilo" de Turim, o Benfica já merecia ter sorte."
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