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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eterno rei

"Luto nacional. Evidentemente. Homenagem do Estado que respeita arreigado sentimento do povo pelo FABULOSO embaixador de Portugal em duríssimos tempos de sermos país isolado do mundo, entre desconhecimento e profundo desprezo público. Eusébio, menino pobre nascido e criado em paupérrimo bairro periférico da capital moçambicana, rasgou todas as fronteiras, tornou-se ídolo com dimensão planetária, principal concorrente de Pelé, o deus do Brasil então máxima potência do futebol. Eusébio teve mesmo se der puro fenómeno para tamanho êxito em dita missão impossível, mantendo-se sediado num país pequenino e mergulhado na tragédia do «orgulhosamente sós», a par de serem escassas as transmissões televisivas de futebol, não havendo internet e toda a panóplia de difusão hoje existente. Também por isso, Eusébio, monstro de talento e raça, foi... único. Gigante do futebol, ergueu-se a enorme bandeira de Portugal. De 1962 até ao 25 de Abril, Portugal, no mundo, foi... Eusébio. Tão extraordinária a marca do futebolista Eusébio, e da sua qualidade humana, que permanece indelével quase 40 anos após o final da carreira, atravessando gerações. Fantástica popularidade mundial, pedindo meças à de que hoje desfrutam Ronaldo e Messi, com intensa TV, profusão de vídeos e marketing. E nunca o deixaram partir para Itália, Inglaterra, Espanha...
Houve grandes jogadores que duvido também fossem no futebol actual. Eusébio, de certeza, continuaria hoje a sr gigante. Técnica, força, velocidade (tremendo poder de aceleração), diabólico remate (fortíssimo e certeiro), ganas de vencer, vencer, vencer. Hoje, dinheiro para lhe pagar... só ao nível de Ronaldo e Messi, no mínimo.
Eusébio na superelite do futebol mundial (não há muito, no melhor onze de todos os tempos, eleito pela FIFA, lá estava rei Eusébio). Ele é dos, escassos, que nunca perderão o trono. Emocionalmente arrepiante: ontem, o M. United colocou a bandeira de Portugal (a meia haste) e o público levantou-se num intenso aplauso de homenagem a um ídolo mundial. Hoje, o Real Madrid jogará com braçadeira de luto. Eterno rei. Quem, um dia, conseguirá esta reacção de históricos adversários?"

Santos Neves, in A Bola

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