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terça-feira, 14 de outubro de 2025

O daltonismo de Proença


"Vivemos entre discursos bonitos e silêncios convenientes. Proença, que vê o futebol luso com as cores trocadas, é o rosto da contradição. Portugal arde, à espera de um árbitro que apite o fim

Só faltava realmente a Pedro Proença padecer de daltonismo, não distinguindo o vermelho do verde, no que às linhas diz respeito. É o que transparece, tendo em conta que numa época que não se fez outra coisa se não ultrapassar verbalmente os limites, entenda que ainda não se chegou ao tal ponto de rebuçado que o obriga intervir.
Ainda pior, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol julga-se ainda juiz e carrasco, prolongando-se ainda no tempo eternamente como árbitro, ao considerar que será o seu próprio julgamento a determinar se a tal linha vermelha é ou não ultrapassada, provando o que se faz em Portugal há demasiado tempo: deixa-se arder, com sorte bate fogo com fogo e não há nada mais a consumir. E nem as mãos se sujam. O problema é que nos organismos não há VAR que atenue, pelo menos, os erros dos seus juízes. Ou insígnias que agora lhes valham. Ou muito mais, tirando a Seleção e os craques que formamos, que fique para arder.
Um organismo que se preocupe com o produto, aquele que se joga em campo e não o maquilhado das galas, o excessivamente adjetivado das crónicas ou seletivamente empolado nos exercícios de propaganda, também cosmética pura, estabelece ou cria condições para se estabelecerem regras que castigam a sério quem abusa. E isso sim teria um efeito dissuasor antes de cair todo o napalm em cima do que, esclareçam-me se estiver errado, ainda se quer vender. Mesmo que, após tantos avisos, haja já quem tenha caído na realidade de que o tão desejado Santo Graal é mais um de pau oco.
É verdade que Proença anda sempre muito ocupado. Agora, fala muitas vezes, ainda que não necessariamente sobre o que interessa. Demorou dias a reagir a Frederico Varandas quando se impunha e fê-lo depois como todos vimos, porém é rapaz para fazer rápido as malas para viajar para a Moldávia e aparecer a tempo da fotografia de vitória ou surgir no relvado de Alvalade para dar tão aguardada contribuição ao pré-match do Portugal-Irlanda. E colocar, ainda a procissão vai no adro, a fasquia no título mundial. Mesmo que nem um nem outro sejam bem o seu legado, o que importa é a colagem à proeza, como qualquer bom político (que está longe de significar bom dirigente) sabe. É por isso que desespera por resultados. Anseia por bandeiras.
Porque daqui a uns anos ninguém certamente se irá lembrar. E, se correr bem, também já nem o próprio andará por cá. Ao contrário dos problemas que nunca foi capaz de resolver."

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