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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Eleições Benfica: pontos positivos e pontos negativos


"O ato eleitoral do Benfica decorreu durante o dia de ontem. Sem ter acesso aos resultados, vou-me focar nos pontos positivos e negativos da campanha.

Profissionais BTV
Começo pela BTV. Não deve ser fácil para os profissionais da BTV lidarem com todo este processo eleitoral, porque quem controla e quem dita as regras neste canal é uma das partes interessadas neste processo. Apesar desta limitação, a importância destas eleições exigia que a TV do clube estivesse presente e que conseguisse demonstrar independência nas suas funções. Assim, foram promovidas entrevistas individuais com o mesmo formato a todos os candidatos. Em todas estas entrevistas o tom, o conteúdo e a dinâmica foram idênticas.
A TV do clube deu voz e espaço para que todos que se apresentaram a sufrágio pudessem apresentar as suas ideias. A gestão das entrevistas foi independente e rigorosa. Neste campo realço dois pontos importantes. O primeiro, e mais óbvio, foi a forma como quem lidera percebeu a importância de a TV, em determinados momentos, estar ao serviço do clube e não de quem o lidera. O segundo, e também bastante visível, é a capacidade e competência dos profissionais que desempenham funções na BTV.
O debate entre todos os candidatos voltou a ter uma boa organização, com tempo e espaço para que todos pudessem apresentar os seus argumentos e, mais uma vez, bem moderado e com total independência.
O ponto negativo, e que não tem a ver com os profissionais que trabalham na BTV, está relacionado com a ausência de debates 1X1. Independentemente do número de candidatos parece-me que seria importante ter um formato mais reduzido para que pudesse haver um confronto de ideias mais específico e, no limite, um maior esclarecimento por parte dos sócios que pretendem votar em consciência.

A gestão das campanhas
Ao longo destes meses, todos os candidatos tiveram espaço e tempo para apresentarem as suas ideias. Com o desenvolvimento das redes sociais fica mais fácil chegarem a mais pessoas. Os candidatos mais conhecidos são os mais apetecíveis e têm maior destaque na comunicação social. Os que não têm tanto protagonismo, conseguem alcançar o seu público alvo de outras formas, seja através de podcasts ou entrevistas para as várias plataformas existentes.
A minha análise, neste caso, vai para a forma como as diferentes equipas de gestão de campanha geriram o seu caminho. Percebo que os candidatos com menor dimensão mediática tenham de ir a todas as solicitações. Esta é uma forma de estarem presentes e de apresentarem as suas ideias. Mas e os outros? Faz sentido terem dado entrevistas de manhã, à tarde e à noite? Faz sentido estarem a responder às mesmas questões várias vezes ao dia? Faz sentido deixarem no ar mensagens repetidas como se parecessem cassetes estragadas?
Percebo que quem se candidata queira chegar a todo o lado, que pretenda responder a todas as solicitações para demonstrar abertura, não fugir a nenhuma questão e para evitar quaisquer críticas de sócios, mas a questão que coloco é se tantas solicitações são positivas ou negativas para os candidatos? Para um candidato que não tenha o dom da palavra e que não consiga criar muita empatia a falar, faz sentido ir a todas? A imagem negativa que pode deixar compensa a disponibilidade que quer demonstrar? Se quer ir a todas as solicitações não deveria ter mais cuidado de modo a evitar apresentar as ideias sempre da mesma forma e com as mesmas palavras?
Em eleições tudo conta e todos os pormenores são fundamentais. Ninguém consegue agradar a todos e as escolhas devem ser feitas de uma forma criteriosa. Não estou com isto a dizer que os candidatos devem fugir a entrevistas. O que estou a dizer é que aqueles que têm maior dimensão têm de ser seletivos. Por vezes, menos pode significar mais. Conforme escrevi na última semana, esta foi a campanha dos chavões e das ideias mecanizadas. A questão que coloco é: se os candidatos tivessem sido mais seletivos, será que ficava com uma ideia diferente? Será que os chavões e as ideias mecanizadas foram exponenciados pela enorme quantidade de solicitações a que os candidatos mais bem posicionados acederam? Fica a dúvida...

A vitalidade
Apresentaram-se seis candidatos. Este facto permite retirar inúmeras conclusões. O que me parece óbvio é que o Benfica é um clube demasiado atrativo. O presidente do Benfica goza de um estatuto que poucos têm em Portugal. A dimensão social, o reconhecimento, o poder de ser reconhecido em qualquer lado, as portas sempre abertas para entrar e a vertente financeira fazem com que o lugar de presidente seja extremamente apetecível. Tudo isto é uma realidade.
Também é verdade que é bom haver seis candidatos com ideias e projetos diferentes. Ao contrário do que dizem não analiso isto de uma forma negativa. Seis candidatos não deveriam causar pressão no clube. Tal só acontece se encararmos um ato eleitoral como uma guerra ou como uma ameaça.
A questão é que há mais opção de escolha. Neste caso, os sócios votantes têm de ter a capacidade de perceber, de uma forma natural, o que querem para o futuro do clube. Têm ainda de conseguir distinguir, de uma forma clara, quem são os populistas, aqueles que aparecem apenas porque querem protagonismo. Estes são os candidatos perigosos.
Também é determinante perceberem quem está mais bem preparado para a função e quais os candidatos que representam os valores e a cultura que cada sócio pretende ver refletida no seu clube. Seja qual tenha sido o resultado da votação de ontem, espero que estas eleições possam trazer mais transparência, competência e credibilidade ao Benfica e, indiretamente, ao desporto em Portugal.

A Valorizar: Sócios do Benfica
À hora que escrevo a afluência às urnas é incrível. No dia de ontem o Benfica ultrapassou o recorde de sócios votantes de um clube não só em Portugal (que já era seu), mas também a nível mundial, superando o registo que pertencia do Barcelona. Com tudo isto, ganha o Benfica."

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