"Há quem confunda a obra prima do mestre com a prima do mestre de obras, e com esses não vale a pena perder tempo. O regresso de José Mourinho ao futebol português, pela porta da Luz, é uma boa notícia não só para o Benfica, mas também para a visibilidade internacional da nossa Liga. É só ver a importância que os sites de todo o mundo deram a Aves Futebol SAD-Benfica...
O Benfica fez um grande esforço para aceder à Liga dos Campeões, e ainda vencer a Supertaça Cândido de Oliveira. Para uma equipa que, depois de um Mundial de clubes desgastante, passou por umas férias mal amanhadas e, imediatamente, se dedicou a estar a ‘top’ para os importantíssimos duelos referidos – ultrapassados com sucesso – havia uma fatura que tinha de ser paga. Por isso, foi um Benfica titubeante que andou por Alverca e pela Reboleira, fraquejou na Luz frente ao Santa Clara e entrou em ‘meltdown’ no jogo como o Qarabag, provavelmente a derrota mais humilhante do historial europeu dos encarnados. Rui Costa sentiu que era preciso abanar o barco, e foi pragmático ao dispensar Bruno Lage, que dentro de condicionalismos vários teve uma segunda passagem globalmente frutífera pelo Benfica, onde juntou ao título nacional que já ostentava, a Taça da Liga e a Supertaça; e foi rápido e certeiro ao encontrar o substituto de que os encarnados precisavam, alguém cujo estatuto, prestígio, currículo e capacidade intrínseca, colocavam acima de qualquer crítica de quem tivesse um mínimo de bom senso. Mais a mais, atendendo ao período pré-eleitoral (atenção, aprendizes de feiticeiro, se não houvesse uma resposta imediata, a época estaria perdida para o Benfica!), Rui Costa e Mourinho colocaram no contrato uma cláusula ética, que permite a separação das partes, por vontade unilateral e sem indemnizações, no final de 2026/27. É verdade que, com eleições à porta, tudo é hiperbolizado, mas quem não quiser fazer da demagogia a sua praia, concordará que José Mourinho é uma mais-valia para o Benfica, e Rui Costa foi expedito ao contratá-lo em tempo recorde.
Quem for intelectualmente honesto poderá detetar, quanto muito, nestes primeiros jogos do ‘Special One’ na Luz, o inegável efeito chicotada psicológica produzido e, pontualmente, mudanças que ganharão significado ao longo do tempo. Mas, no meio disto tudo, o que mais me surpreende (e Noronha Lopes e Vieira foram lestos a percebê-lo) é que, ao arrepio do sentimento dos sócios e adeptos, houvesse quem, à procura de aceder a cargo de responsabilidade, revelasse uma impreparação total, dizendo coisas do arco da velha, só imputáveis a quem confunde o futebol com a traseira de um Volkswagen dos antigos, como óculo traseiro e tudo. E ainda uns quantos que, por terem em Mourinho um ódio de estimação, aproveitam tudo e o seu contrário para denegri-lo, como se não percebessem que quando falam dele estão a olhar para cima, numa manifestação de pequenez, própria de quem esquece o passado e o presente, e ainda a importância do treinador de Setúbal na história do futebol e na afirmação dos técnicos nacionais no Mundo.
É fácil a tarefa de José Mourinho no Benfica? Claro que não, mas o treinador encarnado possui as ferramentas para levar a nau a bom porto. Este é o plantel de Mourinho? Mais uma vez a resposta é não, mas é um grupo de jogadores de valia, que não deve fazer o treinador sentir-se desconfortável. E onde deve focar-se José Mourinho? Embora o prestígio internacional do Benfica seja uma das maiores riquezas do clube, logo a seguir a uma massa adepta, rejuvenescida e indefetível, a derrota caseira com o Qarabag tornou altamente improvável o acesso dos encarnados ao play-off após a fase de Liga da Champions. Logo, as baterias do Benfica devem estar sobretudo apontadas ao campeonato, onde já se percebeu que vai ter no bicampeão Sporting, e no ressuscitado FC Porto, adversários formidáveis."

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