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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Haverá duas palavras para dizer «escândalo»?


"Intranquilidade, desconfiança e pouca agressividade entraram em campo (e na bancada) perto da meia hora de jogo e foram decisivas para um desfecho pouco menos que inimaginável

Se calhar o título é exagerado, ainda por cima sabendo nós que o Português é rico em sinónimos, muitos deles bem certeiros. Há 'assombro', mas isso deve ser o que sentem os rapazes do Azerbaijão depois de terem operado uma reviravolta a todos os títulos imprevisível, sobretudo se pensarmos que veio de uma desvantagem de dois golos para vencer na Luz.
Existem, emprestando conceitos parecidos ao de escândalo e mais adequados à realidade do Benfica desta terça-feira, palavras como 'vergonha', 'ultraje' ou 'infâmia'. Mas na verdade tem de falar-se em 'escândalo', não há duas formas de dizê-lo ou escrevê-lo.
Sem desmerecer o que de bom o Qarabag foi capaz de fazer — ninguém vira de 0-2 para 3-2 sem mérito —, foi escandalosa a forma como o Benfica não soube cumprir o que, antes de começar, já parecia tarefa relativamente simples e pouco depois do quarto de hora de jogo afigurava-se absolutamente resolvida, com dois golos sem resposta perante uma equipa meio entontecida pela grandiosidade da Luz, talvez, e naqueles minutos — diga-se a verdade — pela boa e assertiva entrada dos encarnados.

Quem ajuda quem?
Começou, então, a partida de forma bem favorável ao Benfica. Um golo antes da criação de uma oportunidade (resultou de canto e cabeceamento de Barrenechea ao primeiro poste), facilidade em sair da pressão alta que o Qarabag tentava fazer junto à área adversária e de repente, aos 16 minutos, o 2-0 feito, com um misto de boa ideia e sorte de Sudakov a servir Pavlidis. O ucraniano foi a meia surpresa no onze. Jogou bem na primeira parte e desapareceu na segunda, o que talvez seja normal, está a começar a nova etapa. No lance do segundo golo pensou muito bem, executou assim-assim e os centrais azeris atrapalharam-se o suficiente para deixar Pavlidis na cara do golo.
Os centrais não eram azeris, aliás só dois titulares e mais dois suplentes que entraram no Qarabag eram azeris, pelo que é falacioso pensarmos à partida que se tratava de favas contadas (já agora, por curiosidade, no Benfica houve um português titular e outro a entrar). Mas sim, salta à vista que, em condições normais, esta equipa de jogadores habilidosos e descontraídos não pode chegar para um Benfica à sua imagem.
O que acontece, na Luz, é que se vive sobre brasas sem que se perceba exatamente como elas se atearam. Um empate sofrido em casa no último minuto, por força de um erro individual, não justifica tanta intranquilidade. A verdade é que ela existe. E à meia hora, sem que algo o fizesse prever, o Qarabag ganhou um livre a meio do meio campo, a defesa encarnada dormiu e a vantagem ficou reduzida. Começou aí outro jogo.
Um jogo acompanhado por assobios da bancada, desconfiança total dentro e fora de campo, pouca entreajuda e baixíssima intensidade dos encarnados, face a um adversário que começou a perceber que era capaz. Esteve perto de empatar antes do intervalo, o Benfica pouco ou nada corrigiu e com pouco tempo jogado na segunda parte apareceu o 2-2.
Com muito mais precipitação que discernimento, o Benfica foi atrás do 3-2, mas acabou por sofrê-lo. O estado de espírito dos benfiquistas, dentro e fora de campo, repete-se, só ajudou o Qarabag, a quem no final das contas é impossível dizer que não mereceu esta vitória. Mas que foi um escândalo, lá isso foi."

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