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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Dupla falta


"Depois de um regresso desinspirado do Benfica à nossa Liga, só restava olhar em frente. Simultaneamente, os desaires não devem deixar de ser cuidadosamente analisados pelas equipas técnicas, porque nunca ninguém os quer repetir. Os jogadores, esses, devem concentrar-se no jogo que vem, mas refletir sobre as correções eventualmente recebidas.
No final, ultrapassar um mau resultado e uma prestação infeliz é obrigatório, quando outros desafios se perfilam. A recuperação física é fundamental para o rendimento posterior, sabendo que, o estado anímico das equipas determina na maioria das vezes as exibições seguintes, sendo esse o fundamental teste a ultrapassar. O jogo com o Qarabag ganhava assim uma carga diferente e o grande desafio da equipa era a reação e a reconquista da confiança coletiva.
De regresso à Liga dos Campeões a equipa do Benfica surgiu transfigurada, dinâmica e procurando desde logo a vantagem. As dúvidas que o jogo anterior deixara, pareciam desvanecer-se, com o apoio dos adeptos a inspirar decisivamente o arranque do jogo. A obtenção de dois golos consecutivos, parecia confirmar a esperada superioridade, mesmo com a pressão intensa do Qarabag. Mas o pior estava para vir e tudo se pode estranhamente alterar num só lance. Um livre lateral mal resolvido, sem a necessária cobertura da zona central, daria o golo adversário e o que muitas vezes acontece repetiu-se: A equipa que reduz o marcador cresce e intranquiliza a equipa que sofre.
A chegada do intervalo não resolveria o momento instável da equipa e viria o empate. A tensão crescia e as dificuldades também, com a típica impaciência dos adeptos a fazer-se sentir. A equipa não mais conseguiria estabilizar, permitindo perto do fim a impensável vantagem a um adversário que, é justo reconhecer, nunca se intimidou. O Qarabag mostrou qualidade, personalidade e o mérito de aproveitar o que lhe foi dado, mas também o que soube construir. Sudakov foi uma das boas exceções, mostrando que pode levar a equipa para um outro nível. Com o apito final, um pesadelo consumado e o orgulho da equipa beliscado que é imperioso repor, quanto antes. Tem a palavra toda a equipa, na defesa da honra europeia.

Peres Bandeira
Com a feliz chegada de Sudakov, recordo saudoso Peres Bandeira, que terá sido um dos primeiros colaboradores do Benfica a contribuir para a integração dos jogadores contratados pelo clube, principalmente os estrangeiros, mais precisados de ajuda. A profissionalização dos diferentes departamentos é hoje uma realidade obrigatória e a receção aos novos jogadores, algo especialmente cuidado e importante para o respetivo rendimento. Esta estrutura de boas vindas e integração de atletas e famílias, dá ótima resposta à realidade que a abertura do mercado internacional nos trouxe. Falo a propósito da chegada de Sudakov e também da feliz coincidência de ter um seu colega de seleção na sua nova equipa. Trubin, para além da sua capacidade técnica pela qual foi contratado, tem revelado a sua personalidade e sensibilidade, assumindo a sua preocupação e contributo em causas sociais várias.
É, portanto, um importante apoio extra com o qual o novo talento ucraniano pode contar. Recuo ao golo de Yaremchuk que emocionou os adeptos do Benfica, quando ainda era recente a invasão da Ucrânia. Temos agora outro representante do país atacado, que ainda há pouco viu a sua família em perigo. Bem-vindo, Sudakov!

Vozinha 
A seleção de Cabo Verde é a alegria do seu povo e está perto do inédito apuramento para o Mundial. Numa tarde inesquecível, a vitória frente aos Camarões foi conseguida com chuva, uma raridade local, e sem vento, outra exceção meteorológica no Estádio Nacional.
A grande figura para além do autor do golo, o jovem avançado Livramento, foi Vozinha, histórico guarda-redes da seleção e fundamental na vitória conseguida. Enquanto antigo selecionador de Cabo Verde, para além dos belos momentos vividos, recupero um episódio com o capitão dos tubarões azuis. Respeitando as opiniões dos colegas treinadores, sempre achei que o guarda-redes por estar limitado no espaço não deve ser o capitão dentro do campo. O contato com o árbitro ou com os colegas, tantas vezes necessário, é claramente mais complicado. Eu sei que é um orgulho especial ser-se capitão e usar a braçadeira, ainda mais em representação de um país e da respetiva bandeira. Mas, na verdade, a importância do capitão vai muito para além do uso simbólico da faixa. A influência que se quer do capitão vai para além do campo onde se joga.
Pois, mesmo com este meu latim, não foi nada fácil convencer o Vozinha desta minha teoria que ainda hoje julgo fazer sentido. Mesmo desencantado, nunca deixou de ser respeitador e um elemento muito positivo que fazia a diferença no grupo e ainda hoje faz. Bravo, capitão!

Escola
Miguel Vila Cova é um jovem defesa central de 19 anos que representa o Varzim Sport Club, é natural da Póvoa e representa o clube da terra desde sempre. Algumas crónicas depois de ter valorizado aqui Diogo Ferreira e Gonçalo Oliveira, dois jovens do Benfica que se mantêm estudantes com o apoio do clube, este é outro exemplo inspirador do que é possível conseguir para lá do desporto profissional. O Miguel não só vai frequentar o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), em Barcelos, como conseguiu a melhor nota do curso de Gestão de Empresas em regime pós-laboral. Outro bom exemplo a seguir e que confirma que com esforço e disciplina é possível cuidar do futuro antes que ele chegue. (será que é desta?...:)"

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