"A ideia por detrás da centralização dos direitos televisivos passa pela venda em pacote do direito de transmissão de todos os jogos. A centralização é o modelo, bem-sucedido, da Premier League.
A centralização dos direitos televisivos em Portugal mais parece uma telenovela daquelas que não acabam. O Benfica diz que não aceita, FC Porto e Sporting são as personagens misteriosas que se escondem atrás do Benfica. Depois há os atores secundários que durante uns episódios parecem ser os principais, a Liga e FPF. Estes, dizem que a centralização dos direitos permitirá vender os jogos de futebol às televisões por muito mais dinheiro. São daqueles, como o Governo Socialista que fez a lei, que acreditam que escrever no Art. 4º, do DL22-B 2021 que «os direitos de transmissão (…) são objecto de comercialização centralizada em termos a definir mediante de proposta da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga (…)» tudo resolve.
A ideia por detrás da centralização dos direitos televisivos passa pela venda em pacote do direito de transmissão de todos os jogos. Isto, dizem a FPF e a Liga, permitirá vender muito mais caro do que clube a clube. A centralização é o modelo, bem-sucedido, da Premier League. Mas em Inglaterra, foi um acordo entre os clubes, não uma lei! Além do mais, quer-se equilibrar os orçamentos dos clubes: ou seja, pretende-se que em nome da competitividade em campo, Benfica, FC Porto e Sporting passem a partilhar as suas receitas com os restantes clubes. Mas esquecemos que o futebol em Portugal no que ao número de espectadores respeita, é sobretudo, os 4 grandes!
Diz o decreto que em Portugal a diferença entre a sociedade desportiva que mais recebe — normalmente o Benfica — e a que recebe menos, chega a 15 vezes. E que em Itália e Espanha é 3 vezes, na Alemanha 2,5 vezes e na Inglaterra 1,3 vezes.
Analisemos uma questão fundamental: o sucesso do futebol português não é mérito de nenhum Governo nem do que fez a lei nem de outro. Porquê fazer leis de eficácia duvidosa? O pedido foi de quem? Diga-me, caro Leitor, se um dos grandes não cumprir, quem o vai obrigar?
É possível que a centralização dos direitos permita vendê-los por muito mais dinheiro. Ou não. Atrás de uma suposta competitividade do futebol português está muito mais do que os direitos televisivos. Clubes a mais na Liga Portugal pode ser uma razão. A Inglaterra, com 60 milhões de habitantes, tem o mesmo número de clubes que Portugal com 10 milhões: 20. Não admira que muitos dos nossos jogos tenham poucos espectadores.
O Governo de António Costa obrigou à centralização dos direitos, mas não decidiu a partilha. E aqui está o grande problema se a partilha for proporcional ao poder e prestígio de cada clube, fica tudo na mesma. Mas não sendo, porque deverão os grandes clubes aceitar receber menos? Ninguém sabe.
Mais: acredito que nos próximos episódios vamos falar sobre se o Governo pode mesmo obrigar vinte SADs privadas, a vender o seu produto em bloco.
Hoje o Direito ao Golo vai para o ciclista João Almeida: venceu a etapa mais dura da Vuelta (Espanha) e ficou em segundo na geral. E vai também para a Seleção feminina de futebol de praia que foi campeã europeia! Parabéns."

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