"Quando aprendi a ser benfiquista,
nem sabia quem era o presidente
do Clube. Sabia, sim, tudo sobre
o Chalana (nome completo, data
e local de nascimento), sobre o
Nené, o Shéu, o Humberto Coelho, o Bento. Lia, relia e decorava os números e os nomes
que constavam dos Cadernos
d’A Bola – publicação que permanecia durante meses na
minha mesa de cabeceira.
Conhecia também o glorioso
passado do Clube através das
fascinantes histórias que o meu
pai me contava, vividas quer
ainda no Campo Grande, quer
mais tarde no Estádio da Luz,
com intérpretes heróicos como
Rogério Pipi, Arsénio, José Águas
e, depois, o grande Eusébio.
Só havia um canal de televisão,
sem tempo para futebol, muito
menos para discussões sobre
ele. Não havia Internet, e muito
menos as redes sociais que
trouxeram a taberna para
o espaço público – infelizmente
não só no desporto.
O que me interessava eram as
fintas de Chalana, os cortes de
Humberto, os passes de Shéu,
os golos de Nené, as defesas de
Bento, e, sobretudo, as vitórias
do Benfica – que, ainda assim,
nunca deixou de ser um clube
democrático, e em que a democracia precedeu, no tempo, a do
próprio país.
É algo perturbador constatar
que hoje, para uma parcela de
benfiquistas, muitos deles ainda
bastante jovens, seja mais aliciante polarizar opiniões em
torno de temas como os Estatutos, as eleições ou os candidatos. Talvez sinal dos tempos,
dos algoritmos e da histeria
colectiva que tomou conta das
sociedades ditas “modernas”,
com consequências ainda
imprevisíveis.
Obviamente também irei votar,
e farei a minha escolha na altura própria, mas, caramba, o
Benfica que me interessa não é
o das burocracias. É o dos jogos
e o das vitórias. No Benfica que
eu amo, os protagonistas são os
jogadores e os treinadores.
E faço questão de vivê-lo assim
até ao acto eleitoral."
Luís Fialho, in O Benfica

Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!