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quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Benfiquismos


"Quando aprendi a ser benfiquista, nem sabia quem era o presidente do Clube. Sabia, sim, tudo sobre o Chalana (nome completo, data e local de nascimento), sobre o Nené, o Shéu, o Humberto Coelho, o Bento. Lia, relia e decorava os números e os nomes que constavam dos Cadernos d’A Bola – publicação que permanecia durante meses na minha mesa de cabeceira. Conhecia também o glorioso passado do Clube através das fascinantes histórias que o meu pai me contava, vividas quer ainda no Campo Grande, quer mais tarde no Estádio da Luz, com intérpretes heróicos como Rogério Pipi, Arsénio, José Águas e, depois, o grande Eusébio.
Só havia um canal de televisão, sem tempo para futebol, muito menos para discussões sobre ele. Não havia Internet, e muito menos as redes sociais que trouxeram a taberna para o espaço público – infelizmente não só no desporto.
O que me interessava eram as fintas de Chalana, os cortes de Humberto, os passes de Shéu, os golos de Nené, as defesas de Bento, e, sobretudo, as vitórias do Benfica – que, ainda assim, nunca deixou de ser um clube democrático, e em que a democracia precedeu, no tempo, a do próprio país.
É algo perturbador constatar que hoje, para uma parcela de benfiquistas, muitos deles ainda bastante jovens, seja mais aliciante polarizar opiniões em torno de temas como os Estatutos, as eleições ou os candidatos. Talvez sinal dos tempos, dos algoritmos e da histeria colectiva que tomou conta das sociedades ditas “modernas”, com consequências ainda imprevisíveis.
Obviamente também irei votar, e farei a minha escolha na altura própria, mas, caramba, o Benfica que me interessa não é o das burocracias. É o dos jogos e o das vitórias. No Benfica que eu amo, os protagonistas são os jogadores e os treinadores. E faço questão de vivê-lo assim até ao acto eleitoral."

Luís Fialho, in O Benfica

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