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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Consequências


"Os meses de abril e maio são, por norma, alturas de decisões desportivas, com um conjunto de finais de campeonatos, taças e outras competições nas mais variadas modalidades coletivas. Ontem, quarta-feira 7 de maio, já tivemos um campeão no voleibol masculino, e os dias que se seguem ditarão um conjunto de vencedores e vencidos. E como é costume — infelizmente — a avaliação do trabalho desenvolvido fica quase 100 por cento dependente do resultado final. Uns serão bestiais e os outros passarão para o outro lado da barricada, sem que o processo conte muito para a maioria do comum dos mortais.
O desporto é um dos espaços sociais onde o resultado obtido está mais alinhado com um misto de trabalho desenvolvido, entrega, organização e talento existente. E a vitória final, especialmente de forma regular, depende de um conjunto de variáveis importantes. Neste carrossel de emoções, os atletas e treinadores são os que mais facilmente se adaptam à crueldade do resultado: sim ou não.
Tudo até estaria menos mal se as consequências fossem, por um lado, justas (o que acaba por ser uma palavra muito subjetiva, ainda mais no campo desportivo), e se aplicassem aos vários intervenientes implicados no processo. E se, por um lado, a montanha-russa recai quase sempre sobre os treinadores de forma desenfreada, não deixa de ser estranho que, sendo Portugal um país onde os presidentes, direção ou diretores desportivos são mais mediáticos do que alguns atletas e treinadores, as consequências raramente atinjam alguns deles. Resumidamente, e em bom português: «É o que é!»
Não estou muito otimista para o futuro. Podemos — e vamos — ter algumas melhorias, mas creio que, de forma profunda, será muito difícil alterar aspetos estruturais e manteremos alguns hábitos nocivos para quem trabalha na área do desporto de alto rendimento. E talvez as grandes consequências que isto trará para o desporto em Portugal sejam semelhantes ao que está a acontecer noutras áreas: teremos novos e bons treinadores a fazerem quase toda a sua carreira fora, atletas que farão carreira no estrangeiro, e não apenas por questões financeiras, teremos dirigentes, scouts, staff médico a perceberem que há um conjunto de ar fresco lá fora.
E com isto, não só perderemos competitividade, como manteremos alguns dos responsáveis no topo da cadeia de decisão sem grandes consequências. E, ao contrário do que se dizia na Covid, não vai ficar tudo bem."

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