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quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Memória de elefante


"O mundo de hoje gira a uma velocidade estonteante e capta incessantemente a nossa atenção, novidade após novidade, avanço após avanço, mas também infelizmente, tragédia após tragédia. A sucessão é de tal ordem rápida e de uma magnitude tal, que a sociedade de informação e as redes que nos ligam sem precedentes criam uma nebulosa de informação que alerta incessantemente, mas que também, muitas vezes, desafia a nossa memória coletiva e chega mesmo a gerar apatia social e indiferença aos problemas e ao sofrimento humano por mais explícito que ele apareça nos ecrãs de televisão ou dos nossos telemóveis. Muitas vezes, ainda não terminámos de lidar com uma situação, e já a outra se nos coloca, e em cima dessa uma terceira, sempre de proporções bíblicas e à escala global. É assim com as catástrofes de origem climática, com as crises e os conflitos regionais e até com pandemias capazes de fazer travar a fundo este planeta que rola a mil. Em Portugal não é menor este efeito, e sempre acontece respondermos emocionalmente a catástrofes que geram largas ondas de solidariedade genuína e verdadeiramente nacional como foi o caso dos incêndios de 2017. Mas logo a vida se encarrega de nos desafiar de novo ameaçando remeter tudo isso para a memória em função de uma nova e árdua realidade.
Mas, nesta luta incessante entre a nossa sociedade e os males do mundo, temos de aprender a não esquecer as lições que a vida nos vai dando e olhar coletivamente para a frente com um rumo traçado e uma vontade que não se desvia do caminho. Neste caso, reflorestar é preciso, educar para o ambiente e para a floresta, também, mas essa tarefa gigantesca não é apenas do Estado, mas de todos e de cada um. Por isso é também da Fundação Benfica, da maternidade das árvores da Liga dos Amigos da Lousã e das crianças que as colocam todos os anos como uma lição de esperança. Ou, melhor, como 10 000 lições de esperança, pois é esse o objetivo e a acção da fundação Benfica ao apoiar desde 2017 a Lousitânea no esforço de reflorestação autóctone. Obrigado a todos, Lousitânea, crianças, escolas, autarquias, associações e empreendedores. Juntos, fazemos e continuaremos a fazer a nossa parte, porque não esquecermos, queremos fazer e temos memórias de elefante!"

Jorge Miranda, in O Benfica

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