"Vitória encarnada por 2-1 em Vizela, num jogo em que o Benfica sofreu mais do que devia ou do que a equipa da casa obrigou. Petar Musa e Di Maria, num livre sem espinhas, marcaram para os campeões nacionais, antes de Samu reduzir na 2.ª parte
A I Liga versão 2023/24 tem sido pródiga em sofrimento para os grandes, em algumas surpresas e resultados tirados a ferros. Culpa dos não-grandes, afoitos nas estratégias, capazes de chatear as equipas mais poderosas. Mas, esta noite, o Benfica sairá de Vizela a pensar que não há necessidade para certo sofrimento. Como aquele que passou frente ao rival minhoto, num jogo que, até meados da 2.ª parte, dava a entender que teria pouca história, tal era o controlo encarnado.
Mas já se sabe que 2-0 é um resultado perigoso no futebol. A intensidade cai, a tendência para a gestão aumenta e, consequência, a tendência para o laxismo também. Ajudava também, diga-se, a atitude da equipa da casa, que nunca teve capacidade nem fúria para se desemaranhar da pressão do Benfica que, a certa altura, terá pensado ter o jogo mais que na mão. Um penálti marcado por Samu aos 70’ atrapalhou uma narrativa que parecia reta, sem curvas, também sem grande emoção, mas assim também se ganham jogos.
Antes disso, o Benfica já havia entrado aparentemente relaxado num jogo que Roger Schmidt temia, pela estreiteza do relvado vizelense e, também, pelas goelas dos seus habitantes, que na época passada tanto azucrinaram os encarnados. A calma sepulcral com que os jogadores do Benfica iam trocando a bola, procurando o espaço, não demorou a dar resultados e aos 9 minutos Musa marcou após um excelente entendimento entre Kokçu e Rafa, com o antigo internacional português a intuir rapidamente que, apesar de ter espaço para marcar, o croata estava ainda em melhor posição. O remate frontal ainda foi prensado por um defesa do Vizela, enganando um Buntic que já parecia batido.
Por essa altura, Orkun Kokçu era uma espécie de senhor do tempo, metromenorizando o futebol como queria, normalmente em sociedade com Rafa ou Di Maria. Aos 16’, o turco ia mesmo marcando após um entendimento em espaço curto com o argentino e aos 26’ um livre direto por si marcado amaciou a parte superior da barra da baliza do Vizela, que pouco ou nada criava - ou destruía, na verdade. Menção honrosa para Essende, interessante avançado francês da equipa minhota, que aos 19’ teve na cabeça uma das únicas oportunidades do Vizela, com António Silva, decisivo, a desviar para canto.
Apesar do ritmo pouco intenso, intensa era a dominação territorial encarnada: o Benfica brincava e parecia estar apenas à espera de um qualquer erro mais garrafal do adversário para marcar. O segundo golo apareceu, sim, mas de bola parada, um livre direto superiormente marcado por Di Maria, com a ajuda da orquestra benfiquista que ajudou a fazer desmoronar a barreira.
Com 2-0, face ao que o Vizela parecia ter nas mangas, o Benfica confiou. E a 2.ª parte tornou-se um jogo pastelão, com poucas oportunidades e uns encarnados aparentemente satisfeitos com o resultado. Com novamente grandes dificuldades na construção e na transição ofensiva, o Vizela quase oferecia mais um golo, após uma interceção de Bah ter deixado a equipa completamente descompensada, com Rafa a surgir nas barbas de Buntic. Valeu a defesa andeboliana do guardião croata.
Até que chegou o minuto 67’ e o empurrão nas costas de Aursnes a Essende, numa rara ocasião em que o Vizela conseguiu colocar com algum perigo a bola na área. Samu converteu a grande penalidade, numa das poucas situações em que o estreante Trubin foi mostrado pela transmissão televisiva, e, com a entrada minutos depois de Diogo Nascimento, surgiu o melhor período do Vizela e alguns sustos para o Benfica.
O jovem de 20 anos, formado no Benfica, foi por momentos uma formiga atómica difícil de travar, com a sua técnica, finta curta e capacidade de sair a jogar. Contudo, foi pouco para verdadeiramente ferir os encarnados. Schmidt mexeu tarde e talvez tenha dado gás a este aparente nervosismo do Benfica contra uma equipa que, sejamos sinceros, raramente atinou com o jogo que tinha à frente - algo que os encarnados não aproveitaram.
No final, Buntic ainda tirou novo golo a Rafa e a vitória pela margem curta do Benfica desenhou-se sem particular brilhantismo, num jogo em que os encarnados nunca parecem ter acelerado a fundo. Deu esta noite, noutras não dará."
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