"1. João Mário
No jogo de estreia de Roberto Martínez à frente da seleção portuguesa, João Mário foi vaiado de cada vez que tocou na bola. O momento infeliz não passou despercebido a ninguém.
Qualquer pessoa com dois dedos de testa percebeu que os assobios partiram de adeptos afetos ao Sporting, ainda mal resolvidos em relação à saída do médio para o Benfica. Qualquer pessoa com dois dedos de testa não duvidará que, neste ou noutro qualquer estádio, os alvos poderiam ter sido outros: Pepe, Otávio, Matheus Nunes e sabe-se lá mais quem.
Ou seja, o problema não está centrado num só local ou numa só pessoa. É transversal e maior do que aquilo que se viu nos instantes finais do Portugal-Liechtenstein.
Para as pessoas ditas normais, as dúvidas fazem sentido:
- O que levará pessoas de bem (?) a vaiar um jogador do seu país, quando o seu país está a jogar com outro? Qual a dimensão da sua tacanhez, para se prestarem àquele papel, num jogo em que se esperava o exato oposto? Será provincianismo? Ausência de empatia? Clubite elevada ao extremo? Ou apenas uma tremenda falta de educação, de formação e de cultura desportiva?
Eu acho que são todas ao mesmo tempo.
Seja o que for, foi feio, fez notícia lá fora (pelas piores razões) e envergonhou todos aqueles que, no estádio e em suas casas, souberam apoiar a sua seleção sem cair no ridículo de ver o clube no lugar da nação.
Vergonha alheia.
2. Liga Portugal
A entidade que organiza as competições profissionais de futebol apresentou recentemente, na Assembleia da República, um conjunto de medidas que visam reforçar a segurança nos estádios, no sentido de atrair as famílias a regressarem, em força, aos recintos desportivos. O objetivo é nobre, bem pensado e deve merecer por parte da tutela reflexão atenta e ação imediata.
A primeira ideia é solicitar às forças públicas (autoridades policiais) que atuem de forma mais efetiva na revista efetuada à entrada dos estádios, bem como no interior das instalações desportivas (para controlar com maior eficácia potenciais focos de conflito entre adeptos). No fundo, a ideia é impedir a entrada de artefactos perigosos (pirotécnicos, por exemplo) e o escalar de violência nas bancadas.
Outra sugestão é a de aumentar o nível de exigência em relação aos adeptos inibidos de entrarem nos recintos, obrigando-os a apresentarem-se nos órgãos de polícia competente (esquadra da zona de residência, por exemplo) quando os jogos estão a decorrer. A iniciativa funciona noutras paragens e devia ser replicada por cá.
Por último, é proposta a criação de um modelo de ingressos nominativos, que permita ao organizador ter acesso, em tempo real, à identidade de quem está no estádio, responsabilizando-os por eventuais condutas desviantes que venham a ter.
Este é um passo importante para defender os adeptos de verdade, que gostam de ir à bola com os seus amigos e familiares, sabendo que se vão divertir sem preocupações de qualquer espécie.
3. Arbitragem
Uma sondagem levada a cabo pela Aximage (para JN, Jornal O Jogo, TSF e DN) trouxe alguma luz sobre aquela que é a imagem que as pessoas têm em relação à arbitragem portuguesa.
- 27% dos inquiridos tem opinião “muito negativa” do setor, sendo que 16% têm opinião “negativa”.
Ou seja, 43% dos participantes chumbam a competência e qualidade dos árbitros. Por outro lado, 23% dizem ter uma imagem positiva da classe (o que não deixa de ser surpreendente, face à ideia enraizada de que tudo é péssimo no setor).
Mas há mais.
Segundo o mesmo estudo, 44% dos auscultados entendem que a responsabilidade por essa crise é do Conselho de Arbitragem da FPF. Da estrutura-mãe.
Já 28% refere que os maiores culpados são os dirigentes desportivos (de clubes e órgãos nacionais), ao passo que 22% entende que o problema está nos próprios árbitros e vídeo árbitros. Na sua capacidade técnica.
Curiosamente, os restantes 6% dizem “não saber” quem deve ser responsabilizado pelo estado das coisas. Ninguém refere, por exemplo, que a culpa da é dos jornalistas ou dos comentadores desportivos (incluindo dos chamados analistas de arbitragem).
Estes dados valem o que valem, mas servem para dar uma ideia sobre a forma como, cá fora, se perceciona a classe e os seus agentes. E, num mundo como o nosso - mais movido a perceção do que a realidade - estas são conclusões importantes.
Convém olhar para elas com abertura de espírito e sentido (auto)crítico, procurando a melhoria qualitativa contínua de uma classe que é, como sempre foi, o patinho feio do futebol."
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