"Ó futebol de rua, ó futebol mágico e sonhador, onde andas tu? O futebol pelo qual me apaixonei não era medido em cifrões. Não fazia distinções entre Campeonatos. Não contemplava o racismo. Nem muito menos existiam jogadores a vender a sua derrota. A aceitar dinheiro para que o mundo sombrio das apostas lhes destrua o sonho mais brilhante das suas vidas.
Pois é, actualmente, aquilo que foi dito no parágrafo inicial trata-se de uma triste realidade. Cabe aos verdadeiros apaixonados pelo desporto e pelo futebol vir a público colocar a sua posição bem vincada. De desagradado e desilusão.
A Primeira Liga Portuguesa vai regressar no início de Junho. Com todas as jornadas a serem disputadas. Excelente notícia. Em forma de contraste, na Segunda Liga, Nacional e Farense foram automaticamente promovidos. Uma varinha mágica limpou as restantes jornadas e, como por magia, já temos equipas promovidas. No Campeonato de Portugal, uma notícia ainda mais arrepiante. Arouca e Vizela sobem à Segunda Liga, uma vez que estavam em primeiro nas suas séries e tinham mais pontos do que Olhanense e Praiense, líderes das duas restantes séries. Dá para acreditar? O que dizer sobre isto? É elementar que existem séries mais competitivas do que outras. É uma falta de respeito pelo futebol passar um pano nas trajectórias fantásticas das formações de Olhão e dos Açores e, como por magia, deixá-los sem uma palavra a dizer. Nem a um justíssimo play-off de subida tiveram direito. Era assim tão complicado colocar os líderes das quatro séries num play-off que pudesse apurar, com justiça, as duas equipas promovidas? Será que o Campeonato que gera mais dinheiro tem outras regras da sensatez?
Por sua vez, existem mais casos suspeitos de jogadores a vender a sua derrota em Campeonatos com menos mediatismo. Já sabemos que os salários nessas divisões são inferiores. E que há gente que se aproveita dessa fragilidade para aliciar e conseguir milhares de euros. Mas pense em tudo o que fez para poder ser futebolista. Em todos os sacrifícios. Em tudo aquilo que os seus pais, avós e irmãos vibraram e se apaixonaram. Pense no futebol com que sonhou e se, de alguma forma, esse futebol contemplava golos na própria baliza ou expulsões encomendadas. Julga que um dinheiro extra, em forma de felicidade fictícia, poderá ser mais importante do que tudo isto? Na nossa magia do futebol, interessavam apenas duas coisas: divertimento imensurável e ganhar. Tão fácil assim. E, como Johan Cruyff dizia, o mais difícil é jogar futebol de forma simples.
As sombras até podem tentar estragar os sonhos mágicos que iluminam a vida. Mas a última palavra será sempre nossa."
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