"Gonçalo Guedes, João Félix, Renato Sanches, Gedson Fernandes, Tiago Dantas, Tomás Tavares, Nuno Tavares, Nuno Santos (os dois), Pêpê, Lindelof, Ederson…. Poderia continuar quase infinitamente a enumerar jogadores de elevada qualidade, espalhados por toda a Europa, que saíram da academia do Seixal.
Analisando com um olhar mais analítico os nomes que saíram da academia dos encarnados, é fácil notar uma tendência: a ausência de pontas de lança puros. A que é que se deve este défice posicional na frente de ataque? É apenas uma característica da academia encarnada ou será algo mais geral?
Todas as posições têm características e certas qualidades que podem ser treinadas e aperfeiçoadas. Um extremo pode melhorar a sua qualidade no um-para-um e aumentar a sua facilidade de cruzamento. Um médio pode apurar a sua qualidade de passe e compreender melhor as movimentações tácticas das duas equipas.
Isto também se aplica, obviamente, aos pontas de lança. A qualidade no momento de finalização é algo que pode sempre ser aperfeiçoado. O trabalho táctico de desmarcação e posicionamento é também uma importante skill no leque de habilidades de um ponta de lança. Contudo, o nível exibicional de um atacante estará sempre dependente de um importantíssimo factor: os golos.
Independentemente do quão exímia seja a exibição do atleta a nível técnico e posicional, o golo ou mesmo as oportunidades podem nunca surgir. O trabalho defensivo ou a criação de jogo para os colegas são capacidades muitas vezes menosprezados por adeptos e mesmo treinadores.
É impossível ensinar um jovem jogador a fazer golos: o faro de baliza ou está presente ou não está. Ao longo da sua carreira, os avançados atravessam picos e baixas de forma, estando estas sempre relacionadas com o golo. A falta de golos pode levar um atleta promissor à estagnação total.
Voltando à academia do Seixal, a última grande promessa dos encarnados na frente de ataque foi Zé Gomes. O ainda jovem português foi sendo sucessivamente o melhor marcador em todos os escalões de formação pelos quais passou. Os golos que apontou, que lhe valeram a atribuição da alcunha “Zé Golo”, levaram o avançado português à equipa principal das águias.
Desde a oportunidade de Zé Gomes na equipa principal do Benfica, o rendimento do português tem vindo a decair de época para época. Os golos começaram a ser cada vez mais raros e as oportunidades tanto nos encarnados como nas selecções nacionais desapareceram. A esperança em Zé Gomes é já muito pequena. Um jogador que prometia tanto, mas que de um momento para o outro deixou de fazer abanar as redes.
Esta situação leva-nos à questão de se o nível exibicional do avançado sobe quando a equipa está num momento positivo ou se, pelo contrário, são as exibições e os golos dos avançados que elevam o nível da equipa. Eu viro-me mais para a segunda opção. Um grande avançado irá marcar golos independentemente do contexto, mas um avançado com menos qualidade poderá prosperar num sistema bem montado.
O ponta de lança é uma das posições mais respeitadas e adoradas pelos adeptos do desporto-rei, mas por vezes é uma posição muito ingrata. Formar pontas de lança é um processo incrivelmente difícil, sujeito a variados factores. No entanto, no Seixal há vários jogadores que podem vir a dar grandes pontas de lança, mas teremos que espera para saber."
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!