"Há muitos anos que uns quantos, poucos, têm chamado a atenção para a estrutura desequilibrada da maior competição desportiva nacional e consequências daí resultantes. Na verdade, a principal Liga de futebol sofre de um desequilíbrio tão a acentuado do ponto de vista económico-financeiro que torna impossível um equilíbrio desportivo real. Continuamos a não querer perceber que sem o aumento de receitas das equipas médias e pequenas não se consegue promover o desenvolvimento da competição. Em Portugal, as receitas dos direitos televisivos entre clubes grandes e médios é 15 vezes menor para os médios. Para os mais pequenos a diferença é ainda maior. Na Europa desenvolvida ninguém tem este desequilíbrio, no máximo 4,7 (Chipre) e no mínimo 1,2 (Áustria). Mantendo-nos orgulhosamente sós e sem centralizarmos os direitos televisivos.
Relacionando este quadro de receitas televisivas, as mais importantes para a maioria dos clubes, com as receitas proporcionadas com transferências de jogadores e as provenientes directamente dos adeptos, ainda mais aumenta o fosso entre os concorrentes. Se pelo lado dos maiores é possível resolver algumas situações pela perspectiva da despesa, isso torna-se impossível no caso dos mais pequenos. Estes só o conseguem pelo lado da receita. Receitá que está limitada por não existir uma negociação colectiva num negócio que se devia gerir como cartel e nunca como monopólio. Sem um entendimento nesta matéria, não é possível melhorar a qualidade da competição e do jogo; não temos condições estruturais para que isso aconteça. Há equipas que jogam a sua sobrevivência nesta altura da época, e que fazem dessa luta a sobrevivência do próprio clube. Estamos num círculo vicioso, tanto mais grave quando mais grave se torna o clima de violência verbal existente. Sem aumento de receitas para os que têm menos nunca se conseguirá melhorar a nossa Liga. A causa não é única, mas é a decisiva!"
José Couceiro, in A Bola
PS: Concordo com o diagnóstico, discordo da solução!
Bastava o Benfica ir jogar para uma SuperLiga Europeia, e o equilíbrio financeiro na Liga portuguesa seria muito maior...!!!
O Couceiro está a dizer meias-verdades.
ResponderEliminarO problema do futebol nacional são os analfabetos dos nossos dirigentes. Estão todos no mundo da bola para se encherem.
Por isso, é que para eles a solução é sempre do tipo "vem um mecenas com muito dinheiro para nos salvar". Nos anos 80 eram os construtores civis... nos anos 90 eram os patrocinadores das camisolas... nos anos 2000 eram os dinheiros das autarquias... em 2010 era as apostas online... agora é a centralização dos direitos televisivos...
Esse é o caminho mais fácil. E, que tal trabalharem para construir algo?!
A maioria dos clubes nem sequer são inventivos na captação de novas receitas... não inovam, nem modernizam, nem tentam munir-se de pessoas competentes para tal!
Esse é o verdadeiro problema.
Uma centralização dos direitos televisivos agora, não beneficiaria a maioria dos clubes a nível nacional. Iria por um lado inflacionar o nosso futebol de forma desajustada. Por esse motivo, apesar do ganho de riqueza dos clubes mais pequenos, os seus custos subiriam na mesma proporção, porque quem não sabe gerir 10, não sabe gerir 1M. Por outro lado, no caso do Benfica seríamos desvalorizados.
Quem ganharia com isso são os clubes que se fazem muito maiores do que realmente são: Sporting e Porto.
Qd o Benfica recebia trocos ninguém se mostrava preocupado. Agora muitos falam...
ResponderEliminarOs clubes não grandes têm metade dos jogos contra. Não se uniram por culpa própria!
De facto, as receitas que o Benfica consegue, graças á marca Benfica e ao maior N° de sócios e adeptos, começa a preocupar os outros dois. Não esquecer que este artigo d'A Bola é escrito por un ex.candidato á presidência do sporting...e como tal, é parte diretamente interessada no aumento das receitas pagas aos clubes pela retransmissão televisiva dos jogos de Futebol. Para o Couceiro ( como também para as gentes dp fcp e para clubes pequenos...), não importa a pequenez do nosso mercado , incomparável ao da vizinha Espanha, por exemplo...onde as equipas do fundo da tabela recebem uns 72 milhões de €/ano, o que é de todo impensável em Portugal, tanto no presente como no futuro; o IMPORTANTE nesta questão é o BENFICA NÃO receber tanto. A colocação oportuna e stratégica de p.proença á cabeça da Liga é o balão de ensaio para uma..."melhor re-distribuição dos dinheiros da TV"...dito HIPOCRITAMENTE por quem lá o pôs. Scp e fcp , nestes últimos 4 anos não geriram receitas, aumentando de tal maneira os respetivos passivos, que mesmo uma vitória no Campeonato será insuficiente para tapar os buracos ; nem a FPF nem a Liga têm por hábito questionar a gestão, autêntica "feira das vaidades", cometida por clubes que vivem acima das posses...até ao AFUNDANÇO FINAL...(???)
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