"Como pode o futebol responder às dúvidas, hoje prementes, quanto à realização do Mundial, em 2002, no Catar? Para já, mandará a prudência que a FIFA tenha no bolso um plano B, para o que der e vier. Mas a verdade é que as escolhas de Zurique nos últimos anos têm sido sempre de risco, o que nos remete para outra questão: na presente conjuntura haverá alguma sede segura?
De qualquer forma, realizar o Mundial numa África do Sul que se despedida de Nélson Mandela (a sua derradeira aparição pública ocorreu entre Espanha e Holanda) foi jogar com a sorte (e tudo correu bem); quatro anos depois, fazer a maior competição de futebol num Brasil mergulhado numa tremenda convulsão social, foi andar no arame sem rede (e os brasileiros lá estabeleceram uma trégua que parou as manifestações e ajudou à festa...); visando o Campeonato do Mundo da Rússia de 2018, ninguém poderá fazer uma previsão certa de como estará o ambiente político internacional, onde os russos são um player essencial, provocando amores e desamores (vai ser uma espécie de roleta russa); e então que dizer do Mundial do Catar?
Como se as dúvidas reinantes não bastassem (clima tórrido, território exíguo, dificuldades de mobilidade dos adeptos e polémica em relação às condições laborais na construção dos estádios), junta-se-lhe a sombra de um boicote sunita alargado ao país organizador, que está muito para lá do pay check da FIFA.
É curioso verificar como, em plena época da globalização do futebol, vai sendo cada vez mais difícil levar o jogo a latitudes diferentes. Além de que o Mundo está menos fiável e mais perigoso..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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