"Todos temos uma ideia aproximada - uns mais, outros menos - sobre o conceito de estupidez, não sendo necessários grandes conhecimentos ou sabedoria para extrair conclusões acertadas sobre tal matéria. Há que reconhecer, no entanto, que expressões existem, nem sempre condizentes com a realidade das coisas, como, por exemplo, aquele aforismo muito popular de que «É estúpido que nem uma porta». Por muito grande que seja o nosso esforço e a nossa imaginação, tornar-se impossível conceber uma porta imbuída de um tão horrível defeito que é um exclusivo da espécie humana. Seja como for - e basta, para este efeito, consultar qualquer dicionário - a noção de estupidez acha-se intimamente ligada a falta de discernimento, de inteligência, de compreensão e até de imbecilidade. O Povo, com aquele ancestral sabedoria de experiência feita que lhe é tão peculiar, acaba por lançar mão de outros vocábulos que, no meu entender, são bem reveladores, de um conhecimento sólido de estrutura/base de conceito de estupidez. Burro, obtuso e tapado são algumas dessas expressões a que, por vezes, são associadas outras como grosseiro, bruto e indelicado. Alvo de reprovação generalizada dos homens, de boa vontade, até hoje não foi possível descobrir vacina ou antídoto para uma tal maleita, justificando-se a afirmação de Camus de que «A estupidez insiste sempre». Mas temos de reconhecer e enaltecer a luta travada pela inteligência e pela dignidade contra a doença estúpida, bastando atentar no exemplo dado em campo (e fora dele) pelos jogadores do Sporting e do Benfica, no derby do passado Sábado. Para todos os outros agentes desportivos que, antes e depois no jogo, não souberam sequer respeitar a dimensão de tragédia acontecida, direi apenas: «Aprendam a estar!»."
Sérgio Abrantes Mendes, in A Bola
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