"Paços muito organizado e Benfica personalizado: como a águia acabou por dominar um jogo difícil
Duas equipas fantásticas
1. Chamou-me a atenção o elevado sentido profissional das duas equipas. Foi um jogo interessante, com os primeiros 15 minutos muito divididos pela prestação excelente do Paços de Ferreira - bem posicionado no campo, com pressing junto do homem com bola muito eficiente, conseguindo recuperar muitas bolas e dificultando a transformação para o jogo ofensivo do Benfica. Conseguiu até fazer 15 minutos tu cá tu lá e a partir daí o Benfica, que tinha entrado bem mas não parecia devido à atitude do adversário, foi, minuto após minuto, dominando, através de futebol de grande qualidade.
Como virou o Benfica o jogo
2. O Benfica é mais forte, apercebeu-se das dificuldades que estava a ter e conseguiu contorná-las soltando mais a bola, dividindo-se mais entre os jogadores, com movimentações constantes nos jogadores da frente, abrindo espaços. E depois marcou golo numa jogada de eleição. Aliás, marcou os três golos em jogadas de eleição...
Janela de oportunidade
3. Na segunda parte o Paços de Ferreira voltou a ter 10 minutos bons, mas a normalidade deste Benfica acaba por subjugar qualquer adversário. Não é exagero dizê-lo: a diferença entre as duas equipas é tão grande que neste tipo de jogos a equipa mais humilde tem 10/15 minutos para tentar surpreender. Mantenho esta ideia de que não são os sistemas tácticos que entram em campo, mas sim a identidade de uma equipa. Ela constrói-se a partir de sistema táctico e modelo de jogo. O Benfica tem tudo isso trabalhado na perfeição, mas levou para dentro do campo a identidade própria da equipa e do treinador: tranquilidade, certeza, compromisso, modéstia, tudo isso aliado a uma dose enorme de profissionalismo.
Aquele sorriso de Carrillo...
4. As apreciações individuais são injustas, mas o Benfica teve três ou quatro que merecem destaque. Pizzi, antes de mais, pela inteligência táctica; Gonçalo Guedes a fazer esquecer Jonas e a amentar ainda mais os índices de confiança; Salvio, que é obra de Rui Vitória - o que é hoje e o que era há dois meses nada tem a ver; por fim, não tem a ver com este jogo mas é relevante - vi um sorriso mais bonito a Carrillo. Ninguém põe em causa a capacidade técnica dele, o valor dele nunca foi questionado e a pergunta que se fazia era onde anda Carrillo, pois até os adversários sabem que ele é bom. Este sorriso dele é bem capaz de querer dizer que está a libertar-se da pressão."
Manuel Cajuda, in A Bola
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