"1. O futebol jovem português está de parabéns. Depois da campanha relevante dos sub-20 no Mundial da Nova Zelândia conquistámos, ontem, com brilhantismo, a presença, vinte e um anos depois, na final do Europeu de sub-21. Terça-feira em Praga poderemos ambicionar, legitimamente, a conquista de um troféu que ficaria, e muito bem, na sala de troféus da nossa Federação e seria uma das peças mais emblemáticas da futura - e cada vez mais próxima Cidade do Futebol, ali bem perto do complexo desportivo do Jamor e, naturalmente, do Estádio Nacional.
2. Na tarde de ontem a nossa selecção de sub-21 pareceu-me, em certos momentos, o Barcelona de Pep Guardiola. Ou, agora, e em certos jogos, também o Bayern de Munique. Uma contínua troca de bola. Cada jogador sabendo onde está o colega. Geografia no passe e no jogo. Visão global do relvado. Passes curtos e eficazes. Um sentido colectivo impressionante. E com notas de brilhantismo e de magia proporcionadas por Bernardo Silva e de eficácia e posicionamento únicos em William Carvalho. E a segurança de José Sá e de Paulo Oliveira. E o sentido posicional de Sérgio Oliveira e de João Mário. O faro de golo de Ricardo e de Ivan Cavaleiro. Sem esquecermos todos os outros jogadores que ajudaram a projectar, na Europa e no Mundo, e nestes dias, o futebol português. Foram momentos de verdadeiro esplendor na relva. Um tarde para repetir na próxima terça feira em Praga. E, no final dessa noite, um abraço imenso reunirá, desejo-o convictamente, e como ontem, toda a estrutura de uma equipa que é, de verdade, uma equipa de todos nós. E que tem em Pedro Pauleta um verdadeiro e permanente elo de ligação. Entre todos. A começar no seleccionador nacional Rui Jorge. Que bem merece uma referência particular pela sua liderança e, acima de tudo, pela excelência que o seu percurso vitorioso nesta e desta selecção evidencia. Com a certeza de que no próximo ano, no torneio olímpico de futebol, Rui Jorge liderará um conjunto de jogadores que poderão erguer, bem alto, o nome de Portugal. O que também é uma boa notícia, na linha e na sequência dos Jogos Europeus de Baku, para o Comité Olímpico de Portugal.
3. Peço desculpa mas neste Europeu de sub-21 as exibições de Bernardo Silva deixaram-me, ao mesmo tempo, feliz e triste. Feliz pelo talento que deixou nos relvados nestes quatro jogos. Talento e virtuosismo. Capacidade e eficácia. E triste por saber que partiu do seu clube do coração - e de sempre - sem ter uma oportunidade de evidenciar no Seixal ou na Luz estas exibições que agora deixam muitos da Europa do futebol a olhar para o Mónaco. Sei bem que Bernardo Silva foi vendido por um valor bem significativo. Tal como João Cancelo e, ao que se sabe, Ivan Cavaleiro. Mas nem o relevante valor da transferência afasta a minha legítima tristeza. Que só é vencida pela certeza de que o futuro próximo de Bernardo Silva nos proporcionará tardes e noites de vitórias, tardes e noites de portentosas exibições. E alguns de nós que sabemos combinar paixão com razão o que desejamos, com Rui Vitória, é que os novos Bernardos Silvas - dos sub-19 e sub-20 das nossas selecções nacionais - tenham muitas oportunidades no Seixal e, em crescendo, algumas outras no Estádio da Luz. Conheço, mesmo que seja de forma indirecta, - mas através de vozes de amigos de sempre e que são de uma dedicação única! - o imenso benfiquismo da dedicada família de Bernardo Silva. E é também, e em razão deste facto singular, que continuo a conciliar a alegria com a tristeza. Com a convicção que a sua transferência para o Mónaco de Leonardo Jardim foi no tempo, no momento e nas circunstâncias adequadas. É, aqui, bem verdadeira a frase de Ortega y Gasset, que «somos nós e as nossas circunstâncias».
4. No desporto aprendemos, e muito, o que são, na e de verdade, as pessoas. Percebemos a angústia daqueles que nunca foram dirigentes desportivos benévolos mas proclamam, sistematicamente, os valores mais profundos do desporto. Sentimos a imensa tristeza que invade a pretensa alma de alguns que enriquecem à custa do desporto mas não percebem, acreditem, as lágrimas vertidas no bonito rosto de Telma Monteiro quando conquistou a medalha de ouro nos primeiros Jogos Europeus que estão a terminar na capital do Azerbaijão. Aquelas lágrimas ao escutar o hino nacional, como ontem na sua sempre bela escrita o nosso director evidenciava, levam-nos, sempre, às lareiras do nosso passado. Com os nossos saudosos entes mais queridos aprendemos a sentir o hino, a ter orgulho nas nossas conquistas, a partilhar a alegria dos atletas vitoriosos. Telma Monteiro, que é também um dos símbolos do actual e correto ecletismo do Benfica, mostrou-nos, como todos os outros medalhados, que temos razões, e muitas, para os felicitarmos vivamente, para reconhecermos o esforço das respectivas Federações e das suas estruturas de apoio e para acreditarmos no empenho organizativo do nosso Comité Olímpico. E olharmos, com esperança mas com realismo, para os próximos Jogos Olímpicos que decorrerão na atractiva e histórica cidade do Rio de Janeiro. Que continua sempre linda!
5. Um dos princípios que ensinei a muitos no âmbito do Direito Internacional era o da não ingerência nos assuntos internos de outros Estados. Principio cheio de permanentes e constantes violações. Por mim, e neste domingo em que o Sporting concretiza uma assembleia geral para abordar auditorias realizadas às últimas gestões, não vou violar aquele princípio. Os indícios quase se assemelham ao referendo grego acerca das posições europeias. Mas, aqui, o problema toca-nos, a todos, em razão da moeda comum, o euro. Que é, também, e em números relevantes, a questão implícita às auditorias em ponderação!
6. Parabéns a Miguel Oliveira o homem do momento no nosso motociclismo!"
Fernando Seara, in A Bola
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