"Eusébio partiu. Fê-lo cruelmente. Coluna partiu. Fê-lo cruelmente também. No espaço de poucos dias, o Benfica perdeu duas das suas maiores referências emblemáticas numa história centenária. Há horas, recebemos a notícia da morte de José Medeiros Ferreira, conhecido intelectual, político saliente, benfiquista entranhado.
Sem embargo da sua reconhecida maturidade cívica, foram muitas as divergências que tivemos. De natureza ideológica, numa acentuada cifra de discrepâncias nas abordagens a uma sociedade pautada por gritantes desigualdades e não menos injustiças. Já quanto ao Benfica, o cumprimento fraternal que trocávamos, as palavras de assentimento que transmitíamos, revelavam, no essencial, quase absoluta sintonia.
Medeiros Ferreira acaba de nos deixar. Porventura, outros ilustres benfiquistas, mais ou menos anónimos, mas igualmente importantes no nosso universo grandioso. Com excepção de Eusébio ou Coluna, poucos mais, não existem apaniguados da causa de diferentes categorias. Somos todos iguais no apego ao Clube, na veneração ao seu historial, na ovação ao seu presente, na persuasão ao seu futuro reluzente.
Perdemos Eusébio, perdemos Coluna. Perdemos, mas ganhamos ainda mais emoção. Aquela que Medeiros Ferreira tinha, outros também, na hora da partida. Para mitigar a nossa dor, felizmente, vivemos um período entusiasmante em termos competitivos na mais predilecta das modalidades. O ano parece mais vermelho do que os últimos. Por Eusébio e por Coluna, ainda por José Medeiros Ferreira e outros associados ou simpatizantes da razão rubra."
João Malheiro, in O Benfica
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