"Na última jornada de La Liga nem Cristiano Ronaldo nem Lionel Messi marcaram golos. Aqui está a prova, como se fosse preciso, de que em futebol tudo é possível.
O Benfica está muito bem encaminhado para a Liga Europa. Venceu o Spartak de Moscovo mas não pôde contar com a ajuda do Barcelona que perdeu em Glasgow. A Liga Europa também tem os seus encantos embora caiba à equipa lutar até ao fim pelo objectivo da Champions, o que parece desmedido face à situação na tabela e face às dificuldades naturais de uma equipa que fará toda uma poule da mais importante prova de clubes da Europa sem meio-campo e sem o seu capitão e defesa central Luisão.
Como estas situações - nem meio-campo nem Luisão - estavam perfeitamente delineadas desde o arranque oficial da temporada, o afastamento eminente da Liga dos Campeões não pode surpreender nem os adeptos nem os gestores financeiros da SAD.
E agora uma boa notícia: parece que temos Ola John.
O Clube de Futebol «Os Belenenses» é o primeiro histórico do futebol português a perder a sua autonomia. Sem querer meter-me em política, quase se diria que o Belenenses está assim mais ou menos como o país. O consolo é fraco, eu sei. Aconteceu que em assembleia geral de sócios do outrora grande clube do Restelo foi aprovada a venda da maioria do capital da SAD a um privado, à empresa de Rui Pedro Soares, que passa a gerir o património e os interesses do Belenenses como muitíssimo bem o entender e com toda a legitimidade.
Trata-se definitivamente de uma mudança de página. E a curiosidade sobre a página seguinte é mais do que muita. Conseguirá um velho histórico reerguer-se à sua antiga fama e voltar a lutar de igual para igual com os rivais de outros tempos por obra e graça de um magnata nacional que vê no Belenenses um negócio com grande potencial?
- O que era o Chelsea antes do Abramovich pegar nele? Era o Belenenses de Londres... - já ouvi dizer mais do que uma vez nestes últimos dias quanto se discute o caso do Restelo.
- Que venha já um árabe tomar conta disto! - também tenho ouvido dizer com alguma frequência nos últimos tempos sobre um outro caso actual do futebol português. São desabafos de desespero por um bom resultado que tarda e que, por isso mesmo, não são desabafos para levar em conta. O «árabe» aqui é só uma figura de estilo.
Também entre os do meu clube, nos seus anos mais sombrios, ouvi dizer coisa parecida:
- Quem me dera um russo em vez de... fulano... ou de beltrano.
Nestes casos é sempre o desespero a falar.
Por sua vez, o «árabe» do Belenenses não vem da Arábia, vem da PT que fica bem mais perto, e apesar de ser jovem já recebeu um Dragão de Ouro das mãos do presidente do FC Porto. Julgo ser precisamente esta a razão de esperanºa maior dos sócios do Belenenses. Rui Pedro Soares chega ao Restelo devidamente abençoado.
Chegaram os Novos do Restelo. Alguma coisa está a mudar.
VÍTOR PANEIRA lançou uma acusação grave sobre Bruno Esteves. Toda a gente sabe quem é o Vítor Paneira. Foi um extraordinário jogador de futebol e hoje é o treinador do Tondela. Quanto ao Bruno Esteves, é menos popular. Trata-se apenas de um árbitro de reputação desconhecida, o que normalmente até é bom sinal, pelo menos desconhecido da grande maioria dos adeptos do futebol. Vai na sua quarta temporada na I Liga, é relativamente jovem, não é árbitro internacional, enfim, não é nenhum Olegário Benquerença.
Bruno Esteves apitou o Tondela-Portimonense do último fim-de-semana e Vítor Paneira, no fim do jogo, lamentou «terem ficado duas grandes penalidades por assinalar» a favor da sua equipa, obviamente. Mas não foi esta a tal gravíssima acusação. Lamentar penalties por assinalar num jogo de futebol nada tem de francamente original, especial ou insultuoso. São apenas coisas da vida, desabafos e enquanto houver um árbitro e uma bola a rolar haverá sempre lamentos deste e de outros géneros.
Grave foi o que Paneira acrescentou: «Não sabia que o senhor árbitro era do Portimonense desde pequenino, pois disse 'vai buscá-la? quando o adversário marcou.» Importa-se de repetir? Vai buscá-la? Será possível que uma coisa destas possa suceder, que um árbitro equipado e de apito celebre um golo de uma equipa acirrando a outra? Não, não pode ser possível.
É de recear, no entanto, que o episódio em si de nada valha e que se junte na sua inutilidade a tantos outros que tornam farto o anedotário geral. E nisso somos fortes, não duvidem.
Em Inglaterra, há bem pouco tempo, um árbitro foi acusado de ter insultado um jogador durante um jogo da Premier League e a Federação lá deles não demorou vinte e quatro horas a tomar decisões para que se apurasse a verdade dos factos. Certamente que a ideia dos ingleses, muito picuinhas, é defender o jogo e dar oportunidades ao árbitro acusado de se poder defender refutando a acusação de que foi alvo. Ou, confirmando-se o despautério, defender o jogo afastando o árbitro amalucado dos relvados porque, em boa verdade, não faz falta nenhuma ao bom nome do negócio.
No nosso país estas coisas passam todas como anedotas e, por inacção de quem devia agir, deixam sempre manchas difíceis de tirar. Como ainda não li nenhuma notícia sobre a convocatória de Vítor Paneira e de Bruno Esteves para um frente-a-frente definitivo e esclarecedor na sede da disciplina federativa, atrevo-me a escrever estas linhas.
ENQUANTO corporação, ao bom e velho estilo português, os árbitros defendem-se uns aos outros quando algum deles sofre na pele as agruras da crítica feroz ou do facciosismo à solta. Acontece com os árbitros e acontece nas demais corporações nacionais. É uma que nos ficou entranhada, daí não haver espanto perante o facto. Se quisermos ser pessimistas será caso para dizer que fora da corporação a que pertencem, os árbitros são iguais ao resto da malta: ou pertencem a uma seita ou, então, não têm quem os defenda.
Por exemplo, o arquivamento do processo de averiguações do caso Pereira Cristóvão decidido pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol não defende de modo nenhum o bom nome dos nossos juízes porque passa a autorizar moralmente depósitos em numerário nas contas bancárias dos árbitros e dos fiscais-de-linha.
Pelo menos até aos dois mil euros não haverá problemas de espécie alguma para o benfeitor, quer se trate de um anónimo ou de um benfeitor perfeitamente identificado. Quanto ao árbitro, pois que esteja atento e consulte sempre o salto na véspera dos jogos.
É esta a conclusão que os leigos tiram do despacho federativo.
UM grupo de jovens benfiquistas porfiou na ideia de que fazia falta na rua de Belém uma placa que assinalasse o local onde foi fundado, em 1904, o Sport Lisboa e tanto porfiou que a inauguração da dita placa teve lugar no sábado passado. Gosto. Estiveram presentes no meio da miudagem velhas glórias do clube e o sócio número 1 a quem coube descerrar a placa. Gosto destas manifestações de amor e responsabilidade clubista emanadas da nossa sociedade civil e sem qualquer ligação ou dependência de poderes ou de contrapoderes. Simplesmente Benfica. Gosto muito. E agora os turistas que nos visitam, depois de tirarem fotografias nos Jerónimos e na Torre de Belém, já podem fazer-se fotografar junto ao local de nascimento do Glorioso.
NO Domingo, o Benfica ganhou a supertaça de basquetebol ao bater a Académica. Faltam só 49 títulos nas modalidades para os 50 prometidos por Luís Filipe Vieira na sua reeleição. A gente vai lá chegar.
NO último fim-de-semana, disputou-se mais uma jornada da Liga espanhola, o Real Madrid e o Barcelona venceram. Nem Cristiano Ronaldo nem Lionel Messi marcaram golos. Aqui está a prova, como se fosse preciso, de que em futebol tudo é possível."
Leonor Pinhão, in A Bola
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