"O presidente da Académica foi, esta semana, condenado a uma pena efetiva de seis anos e meio de prisão por corrupção passiva para ato ilícito. Claro que ainda vêm recursos e o perigo da prescrição. Ainda assim, a pena é exemplar. José Eduardo Simões aproveitava-se da sua dupla condição de vereador de urbanismo da Câmara de Coimbra e dirigente desportivo para favorecer promotores imobiliários que fizessem donativos à Académica. Ou seja, o Estado, através deste senhor, era usado como chantagista, recolhendo assim doações para um clube.
Muitos políticos vivem, há muitos anos, numa ilusão: a de que a relação promíscua com os clubes é-lhes eleitoralmente vantajosa. Rui Rio – um péssimo autarca, na minha humilde opinião – teve a enorme vantagem de provar como estavam errados. Não houve guerra que não comprasse com o Futebol Clube do Porto. Não houve eleição que não ganhasse. A razão é simples: uma parte muito razoável dos portugueses não liga grande coisa ao futebol. E a maioria dos que ligam não tem o futebol como a sua principal preocupação.
Provavelmente, José Eduardo Simões foi apenas mais aselha do que outros. Por esse país fora, um triângulo amoroso entre clubes, autarcas e interesses imobiliários esvazia os cofres públicos, destrói a qualidade urbanística das cidades, cria obstáculos ao crescimento económico e corrói os alicerces do Estado de Direito. Como adepto de futebol, aqui fica o meu compromisso: todo e qualquer autarca que deixar clara a separação de interesses entre clubes e poder político tem o meu apoio nesse combate. Incluindo quando estejam em causa os interesses do Sporting. Se todos os adeptos disserem o mesmo, talvez deem um importantíssimo contributo no combate à corrupção."
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