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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A cor

"Na Champions, vi o Real Madrid de vermelho! Este ano, o Benfica mistura o preto com um dourado meio-envergonhado! O Manchester United veio cá de azul-escuro! O Benfica já trajou de rosa ou café com leite, o Porto de orangina ou azul-bebé e o Sporting até de amarelo fluorescente tipo GNR na estrada! As selecções dos países são tutti-frutti, independentemente da história e da bandeira. E os árbitros equipam-se como se fossem uma passerelle de cores.
Confesso que já nem sei o que pensar. Claro que gosto da cor e das cores. Frias e quentes. Agressivas e suaves. Fortes e pálidas. Presentes e fugidias. Mas, no futebol, tanta variação faz-me confusão. É a cor do dinheiro a esmagar cada vez mais o valor da cor.
Começa até a haver dificuldade na inovação, embora ainda haja na paleta cores como o anil, o ocre, o rosa-velho, o brique (antes modestamente cor de tijolo), a cor de sépia do saudosismo fotográfico, ou até essa cor quase sempre sem cor que é a cor de champanhe.
Claro que para mim, há, acima de todas, o inigualável encarnado, eufemismo no Estado Novo para que os benfiquistas não fossem todos chamados de comunistas e que hoje serve para distinguir o encarnado em Lisboa do vermelho alhures.
Mas não ficam por aqui as cores desportivas: o azul do correio do Conselho de Disciplina. O recibo verde para certos quadros. O cartão amarelo e o vermelho. O ramo verde em que certos jogadores põem o pé. Ou ainda o saco azul, o amarelo de certos sorrisos e o branqueamento de actos bem negros. Só ainda não há o livro amarelo para as reclamações depois dos jogos, mesmo quando se fica de todas as cores. Como a cor de burro quando foge..."

Bagão Félix, in A Bola

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