"Diz o selecionador nacional que Portugal joga muito e bem. Digo eu que joga muito mas nem sempre bem, ou não tantas vezes como Roberto Martínez diz e não tantas vezes como podia e devia.
«A equipa chega ao último terço e cria oportunidades ao nível das melhores do mundo. Já fizemos isso contra Alemanha e Espanha. A equipa ataca e ataca bem. Precisamos de desfrutar. Temos uma Seleção que joga muito e bem»
Diz o selecionador nacional que Portugal joga muito e bem. Digo eu que vai qualificar-se sem problemas (apesar do empate consentido à Hungria quando Alvalade já festejava e que por isso viu a festa interrompida e a qualificação adiada) para o Mundial-2026, digo também que joga muito mas nem sempre bem, ou não tantas vezes como Roberto Martínez diz e não tantas vezes como podia e devia. Mesmo assim, e apesar de Robert Martínez, Portugal vai chegar ao Campeonato do Mundo com condições para ser campeão mundial.
«Lição importante» e «bola de azar»: tudo o que disse Roberto Martínez
Ou seja, estou convicto de que Portugal pode mesmo chegar à glória suprema mas pela qualidade dos jogadores e não tanto pelo que o treinador tem feito por eles. Portugal tem muitos dos melhores do mundo e por isso ganha quase sempre mas, com tanta qualidade, o seu contrário é que seria estranho. E o que acho estranho é que depois de um grande jogo, que nos enche o peito e nos mete emproados, se sucedam sempre um ou dois pouco conseguidos e que nos fazem, sempre, estranhar e questionar as opções do selecionador, sobretudo na forma como gere a equipa e nas incongruências que muitas vezes identificamos nas escolhas de jogo para jogo — não raras vezes se identificam equívocos que acabam por ter confirmação durante os jogos, como se estivesse à vista de todos desde o anúncio oficial do onze e dos que ficam de fora; e alguns até ficam sempre de fora…
Martínez foi salvo pela vitória na Liga das Nações, esperemos que essa conquista não tenha sido um bem que veio por mal... Esperemos que Portugal, apesar de Martínez, seja mesmo campeão mundial.
«Temos grande vontade de sermos campeões do mundo e há que assumi-lo. Com esta geração de jogadores e com a estrutura que a Federação tem, que garante a qualidade de entrega, temos de ser ambiciosos. Queremos obviamente conquistar coisas boas»
Este desafogo de Pedro Proença a assumir ao que vamos para a América do Norte só pode ser bom sinal. Sem arrogâncias mas também sem falsa modéstia. Com realidade.
Nasci no final dos anos 70 do século passado e por isso passei a adolescência a ver Europeus e Mundiais em que era obrigado a escolher uma seleção para torcer. Antes, na infância, as memórias vagas de 1984, sobretudo do meu pai em cima duma cadeira no Café Aliança em Aljustrel, ao qual dedicou a vida desde os 17 anos, a festejar os golos na meia-final com a França e depois a frustração da freguesia inteira com a derrota; de 1986 a memória também do golo de Carlos Manuel à Inglaterra, igualmente visto no Aliança, e a desilusão da derrota com Marrocos vivida junto dos fregueses na rua, à porta do café, que os deixava sem abrigo às quartas-feiras, dia do descanso semanal, mas que mantinha a freguesia em amenas cavaqueiras à sua porta fechada, à espera de ser quinta-feira outra vez.
Com o virar do milénio tudo mudou. Passei, passámos todos, a ter sempre a nossa Seleção para torcer, para sonhar, mas nunca como desta vez o sonho é tão real. Nem mesmo em 2004, durante o Euro, o era; nem no 2016 do nosso contentamento o foi até a realidade nos cair em cima dessa vez para a glória; acredito que nem mesmo em 1966, apesar de Eusébio, o tenha sido. Desta vez é mesmo… apesar de Roberto Martínez."

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