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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Seleção: a fasquia mais alta de sempre


"Há algo no português que o leva a ambicionar mais, querer ir mais longe. Nem sempre de forma realista. Seja como for, esta Seleção carrega um peso que nenhuma outra carregou até hoje

Tem sido uma luta complicada nas fases finais das duas grandes competições de Seleções a que Portugal acede — entre as belas campanhas de 1966, 1984, 2000, 2004, 2006, 2012 e 2016, temos os fracassos de 1986, 2002 e 2014 e participações normais em 1996, 2008, 2010, 2018, 2020 (que foi 21), 2022 e 2024. E o que são participações normais? Passagem na fase de grupos e eliminação algures entre ela e as meias finais. É esta a dimensão natural de Portugal. Ultrapassá-la é um feito (sempre saudado, exceto em 2004, porque jogávamos em casa contra um ainda mais outsider Grécia), ficar aquém um insucesso, como muito bem foi considerado nas devidas alturas.
Este estatuto, para um país periférico com poucos habitantes, devia ser considerado um luxo. Mas não é. Há qualquer coisa de aventureiro e afoito no português que o faz, muitas vezes, dar o salto para lá do que seria expectável. Os exemplos são mais que muitos. A chatice é quando tomamos a exceção pela regra, decidimos por alta-recreação que somos os maiores do Mundo e depois cobramos a quem nos representa se por acaso até calhou a não bater grandes potências, equipas de países e futebóis (e outros óis) bem mais poderosos que o nosso. Somos assim, entre o 8 e 80, e pouco haverá a fazer quanto a isso.
Neste país de expectativas (ou falta delas) extremas, temos, hoje, a Seleção Nacional de futebol com a fasquia mais alta da história. Em 1966 ninguém ousaria dizer que ia ser campeã do Mundo, nem em 1984 da Europa. Nem mesmo em 2004, ou 2006 ou 2016. Podia vir a estar na luta, esteve, ganhou uma, perdeu duas.
Dizer com todas as letras que Portugal quer ser campeão do Mundo, como quem constata uma evidência em vez de falar de um sonho, é corajoso. Costumam andar por lá as multicampeãs Espanha, França, Itália, Alemanha; mais Brasil e Argentina. Estes sim, sempre candidatos.
Depois andam o Uruguai, o México, a Bélgica, a Croácia, os Países Baixos, a Inglaterra. E mais uma série de outsiders que podem sempre ser um novo Portugal ou uma nova Grécia.
Mas a fasquia vai alta: o objetivo é o título. Tendo isso em vista, convenhamos que começou bastante bem, com excelente resultado e uma exibição convincente frente a uma Arménia que já nos causou os seus dissabores...
Mas até chegar às Américas convém valorizar o que se for conseguindo vencer por aqui. Ninguém nasce apurado e muito menos candidato só porque diz sê-lo."

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