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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Ruben Amorim e o carisma que (con)vence


"Jamie Carragher afirmou, com algum humor até, que se Ruben Amorim não fosse tão bom comunicador e bem-parecido, provavelmente já teria perdido o emprego. Para uns isto é visto como piada, para alguns como uma afirmação descabida e sem relação e para outros como uma afirmação que vai ao encontro das suas baixas expectativas sobre o treinador. Mas, terá esta afirmação algum suporte científico? Por várias vezes tenho abordado os perfis ou estilos de comunicação de alguns treinadores, mas há de facto uma relação entre a competência de comunicação, a aparência, o sucesso profissional e até a tolerância à falha? Tal como artigos anteriores, este não pretende avaliar a competência técnica de Rubem Amorim e todas as afirmações aqui feitas excluem por completo qualquer avaliação da mesma. Pretendo apenas abordar de uma forma light mas científica um tema tão importante como a comunicação e aparência, principalmente em funções de liderança.
A ciência confirma, não é apenas uma questão de resultados no campo ou de tática afinada. A psicologia social fala-nos do efeito halo; este efeito consiste numa tendência universal para atribuir mais inteligência, competência ou liderança a quem tem boa aparência. Um estudo científico publicado em 2024 mostrou que rostos considerados mais bonitos eram avaliados como mais inteligentes e confiáveis, mesmo sem qualquer diferença real nas capacidades. Em termos práticos, isto significa que a boa aparência pode abrir portas e prolongar oportunidades, mesmo quando os resultados não acompanham a atribuição feita aos indivíduos.
Mesmo em tempos difíceis, os comunicadores expressivos conseguem manter ou até reforçar a sua credibilidade. Uma investigação recente datada de 2023 analisou conferências de imprensa de dirigentes desportivos da Bundesliga e chegou a uma conclusão muito curiosa: sorrisos/risos quando bem colocados ao longo da comunicação, principalmente num contexto de resultados negativos, aumentam a aprovação social e suavizavam críticas dos adeptos, funcionando como uma espécie de cola neurológica entre líder e público, mesmo com más estatísticas à mistura.
Nesta análise, a opinião de Carragher ganha outra dimensão: bons comunicadores com boa imagem mantêm a confiança, ganham tempo e uma margem de erro maior. Ruben Amorim encaixa perfeitamente nesta lógica, é de facto um bom comunicador e tem boa aparência construindo assim bons alicerces para o seu carisma e talvez seja por isso que para muitos, continua a ser «o líder certo», com o projeto certo, independentemente do que os números e resultados tentem provar. Então, a resposta da ciência é: sim! A aparência, a postura e a comunicação dos líderes podem fazer toda a diferença em situações de crise, seja no desporto ou em qualquer outro contexto, seja interna ou externamente."

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