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segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Liga Portugal: a questão da competitividade


"Definição de competitividade
Um dos argumentos que mais se utilizam na discussão em torno da competitividade do nosso campeonato é que chegamos às últimas jornadas com equipas a lutarem para não descer de divisão, outras a lutar por um lugar europeu e duas ou três a lutarem pelo título. Se analisarmos a competitividade por este ângulo, então sem dúvida que a nossa Liga está muito competitiva A questão é que como em todos os temas, há diferentes formas de avaliar a realidade. Incluo-me naqueles que analisam a competitividade de outra forma. Em praticamente todas as ligas europeias existe uma grande diferença pontual entre os dois ou três primeiros e os restantes. Então o argumento de termos equipas a lutar até à última jornada pela manutenção, pela Europa ou pelo título é demonstrativo de competitividade? Em minha opinião não. Por competitividade pretendo ir ao encontro do que o treinador do Casa Pia referiu recentemente: a diferença entre os grandes clubes em Portugal e os restantes é enorme e difícil de combater. Ora a competitividade de uma Liga analisa-se jogo a jogo, através da real capacidade de jogar para vencer. Em Portugal todos percebemos que na maior parte dos jogos só um dia mau fará com que os grandes percam pontos. A forma como a nossa competição está a evoluir faz com que financeiramente a diferença entre grandes e todos os outros seja cada vez maior. Em vez de atenuarmos distâncias estamos a cavar um fosso cada vez maior. Em Inglaterra, por exemplo, qualquer equipa tem capacidade de criar dificuldades aos reais favoritos ao título. A competição tem vindo a ser desenvolvida com o objetivo de proporcionar uma maior capacidade financeira a todos os clubes, de forma a tornar a competição mais atrativa e a experiência dos adeptos única e especial.

Europa como barómetro
Outro ponto que nos permite analisar a competitividade da nossa Liga é a forma como nos comportamos nas provas europeias. Uma liga competitiva deverá ser mais homogénea e mais competitiva interna e externamente. Quando avaliamos a nossa performance nas competições europeias a que conclusão chegamos? Os três grandes continuam a ter boas performances, mais ou menos regulares e a acrescentar pontos para o ranking de Portugal. Aqui devemos acrescentar o comportamento do Braga, que também tem tido um papel relevante não só internamente, mas também no contexto europeu. E os outros clubes, quantos pontos somam para o ranking? A conclusão é fácil: as restantes equipas têm tido uma contribuição irrelevante para o ranking europeu de Portugal. Recentemente perdemos, de forma natural, uma posição no ranking para os Países Baixos e a consequente redução de equipas nas competições europeias. De forma a quererem desvalorizar este facto e a reafirmarem que o caminho que estava a ser seguido era o ideal, a justificação para perdermos a nossa posição no ranking foi a de que os pontos na Liga Conferência valiam tanto como na Liga dos Campeões. Sem dúvida que este é um facto. Então por que motivo nós não conseguimos somar pontos na Liga Conferência? Por que motivo este ano não vamos ter nenhuma equipa nesta competição? A resposta parece-me óbvia: estamos a criar a ilusão de que temos uma Liga cada vez mais competitiva, mas na realidade está a perder influência e dimensão. Ao contrário do que muitos possam pensar, esta perda de competitividade é um problema de todos. Se continuarmos nesta trajetória, mais tarde ou mais cedo, teremos apenas uma equipa com presença na Liga dos Campeões, o que fará com que este problema deixe de ser exclusivamente dos pequenos e chegue também aos grandes.

A valorizar - João Palhinha
Regressou a Inglaterra pela porta grande e num contexto que pode potenciar todas as suas capacidades.

Benfica a ser Benfica
Num ano de enorme tensão para o clube, o Benfica conseguiu, de uma forma segura, passar os primeiros obstáculos e o difícil mês de agosto. Depois de vencer a Supertaça eliminou, com total justiça, Nice e Fenerbahçe. A vitória da última quarta feira só peca por escassa. Uma primeira parte de total domínio de jogo em todos os capítulos: abordagem ao jogo, bolas paradas e equilíbrio defensivo (que continua a ser um dos problemas da equipa). O domínio foi tal que o Fenerbahçe parecia uma equipa banal, incapaz de contrariar a pressão da equipa encarnada. Um dos grandes vencedores deste início de competição é Bruno Lage que, sem praticar um futebol encantador, conseguiu atingir todos os objetivos propostos com um extra que é o facto de ainda não ter sofrido golos em competições oficiais.

Portugal vs. Europa
O jogo entre o Benfica e Fenerbahçe ficou marcado por decisões, no mínimo, discutíveis por parte da equipa de arbitragem. Toco neste tema para demonstrar a diferença de comportamento, por parte de dirigentes ou candidatos, nas realidades portuguesa e europeia. A questão que coloco é a seguinte: o que teriam feito a atual administração da SAD encarnada ou alguns candidatos à presidência do Benfica se esta arbitragem tivesse sido feita na nossa Liga? Por que não se aborda o tema das arbitragens na Europa como se abordam os jogos na Liga Portugal? Por que se fazem comunicados internamente, mas quando a realidade é europeia o comportamento é diferente? A minha conclusão é simples. A primeira é que os dirigentes ou candidatos querem ganhar pontos através do populismo. A segunda é que em Portugal existe a ideia de que quem faz pressão sobre a arbitragem é beneficiado. Em terceiro, cria-se uma retórica que desculpabiliza quem toma decisões. Por último não o fazem na Europa porque a UEFA tem pulso firme sobre estas situações e porque os árbitros não se sentem pressionados com eventuais queixas.

A desvalorizar - Ruben Amorim
A derrota para a Taça frente ao Grimsby da quarta divisão veio aumentar ainda mais a pressão sobre o jovem técnico português."

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