"Vingegaard encontra-se curto de forças e o português tem de acreditar de que é capaz de derrotá-lo e conquistar a Vuelta na derradeira oportunidade, sábado, na Bola do Mundo
João Almeida terá a derradeira oportunidade de vencer esta edição da Volta a Espanha no sábado, na penúltima etapa, e a final de montanha, a terminar na célebre Bola del Mundo. Nesta subida, temível pela sua dureza, o português jogará, certamente, a última cartada para a conquista da camisola vermelha. Se não o conseguir antes, como é provável, tanto no contrarrelógio de hoje - para mais, após o encurtamento deste, para menos de metade da extensão original (27,2 para 12,2 km), por motivos de segurança dos corredores devido às manifestações pró-Palestina que tem afetado a corrida - como na aparentemente inofensiva etapa de amanhã.
Depois da vitória no Angliru e de prestação consistente em La Farrapona antes do segundo dia de descanso, nas duas etapas já cumpridas na última semana da competição, quando se esperaria que João Almeida confirmasse os indicadores de crescendo de forma, em contraponto com a do rival Jonas Vingegaard, aparentando sinais de fadiga, o corredor da UAE Emirates não esteve tão impressionante. Pelo contrário, principalmente ontem, em El Morredero, onde lhe faltou a vitalidade de antes para atacar o dinamarquês e a sua liderança, a partir desta última etapa reforçada em dois segundos, para 50, graças a uma ponta final mais explosiva do que a do corredor luso.
Em vez de ter ficado mais próximo, Almeida está um pouco mais longe da vermelha. Não teve disponibilidade física necessária, mas Vingegaard também não... O primeiro classificado da Vuelta está, definitivamente, para defender a posição e menos para atacar e sentenciar a vitória. Nele, o único capaz de desafiar Tadej Pogacar no Tour, é uma prova de incapacidade. Encontra-se curto de forças e João Almeida tem de acreditar de que é capaz de derrotá-lo na Bola do Mundo.
Mas só a força do corredor português não deverá suficiente para garantir o êxito dessa difícil tarefa. Ser-lhe-á indispensável contar, de uma vez por todas, e ainda que a derradeira, com o contributo efetivo dos companheiros de equipa, principalmente os que têm mais aptidões para ajudá-lo em montanha, Juan Ayuso, Jay Vine e Marc Soler, que depois de brilharem individualmente, vencendo cinco etapas, desapareceram da corrida. Ontem, na etapa do El Morredero, nem chegaram ao sopé da subida no pelotão.
Dificilmente, o jovem espanhol se mostrará solidário com os interesses da equipa que expôs publicamente a incompatibilidade daqueles com os do seu corredor durante esta volta, num comunicado em que anunciou, à revelia, a cessação do vínculo contratual no final da temporada. No que resta do calendário de Ayuso seguem-se os Mundiais e os Europeus, em ambos a representar o seu país, e uma derradeira aparição com as cores da equipa na Volta à Lombardia, que deverá ser tudo menos certa.
No entanto, o mal-amado ciclista, desde que empenhado e no melhor do seu rendimento [de que não deverá estar distante, tendo os Mundiais a menos de três semanas], poderia ter um papel fundamental na Bola de Mundo, imprimindo um ritmo suficientemente elevado, contínuo, adequado às características de João Almeida, poupando o português ao esforço durante o mais tempo que lhe for possível na subida. E com isso expor Jonas Vingegaard à fraqueza de que o dinamarquês tem vindo a dando sinais inequívocos, deixando-o à mercê do português. João Almeida tem de agarrar a Bola... do Mundo."

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