"A Liga atribuiu ao craque o prémio de Melhor de Sempre. Se foi pelo trajeto no campeonato nacional, total de 25 jogos, é desajustado; se foi para lhe afagar o ego, haja noção...
A recente decisão de a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) atribuir a Cristiano Ronaldo o prémio de Melhor de Sempre é, no mínimo, controversa. Ninguém duvida da qualidade, da carreira ou da dimensão planetária do craque, mas a própria natureza da distinção entra em contradição com a realidade do percurso de CR7 em Portugal.
Após formação no Andorinha, Nacional e Sporting, o madeirense que se tornou cidadão do mundo estreou-se na principal equipa dos verdes e brancos num duelo da terceira pré-eliminatória da UEFA Champions League, nulo em Alvalade diante do Inter, a 14 de agosto de 2002. O baile de debutantes na Liga portuguesa não tardou, a 30 de setembro, em casa do SC Braga, derrota dos leões, por 2-4.
No final dessa temporada de 2002/03 — no começo da seguinte, recorde-se, logo rumou ao Manchester United depois de ter impressionado Alex Ferguson na inauguração do novo estádio leonino — podia orgulhar-se de ter participado em 31 partidas, 25 no campeonato. E até hoje, ano da graça de 2025, nunca mais Ronaldo picou o ponto em encontros da principal competição do nosso calendário.
Em Portugal, Ronaldo foi apenas promessa antes construir o estatuto de lenda que ostentou com as camisolas de Manchester United, Real Madrid, Juventus, Al Nassr e Seleção. O reconhecimento que agora lhe é dado soa a deslocado, é como premiar um aluno melhor da turma embora ele só tenho frequentado as primeiras aulas do ano letivo a anteceder mudança prematura de escola.
Antes que as irmãs de Cristiano Ronaldo me aconselhem a «coçar os cotovelos numa parede áspera», como Kátia recomendou a Luís Figo em polémica datada de janeiro de 2015, assino já declaração de interesses em que afirmo solenemente jamais ter visto um jogador de nível superior ao mano Aveiro.
Não se trata, pois, de negar a grandiosidade do atleta. Quando a LPFP distinguiu Ronaldo como Melhor de Sempre, na gala de terça-feira de entrega dos prémios relativos à… Liga da época transata, parte-se do princípio que a essência do troféu refere-se ao trajeto do laureado no campeonato nacional. Se, ao invés, a intenção da LPFP foi somente afagar o ego do capitão da equipa das quinas, assim do nada, quando tantos enormes jogadores se destacaram na história da prova e justificavam a honraria, então talvez fosse boa ideia apelidar o galardão de prémio Puxa-Saco."

Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!