"Passe longo para as costas das defesas e luta pelas 'segundas bolas' é muito do processo de Bruno Lage nos encarnados
O Benfica venceu na visita ao Estrela da Amadora, antes de um play-off importantíssimo com o Fenerbahçe, que vale o acesso à Liga dos Campeões.
Cumpriu o objetivo é certo, mas o processo de Bruno Lage tremeu e muito e, pior, deixou uma péssima imagem, que tem de fazer tocar todos os alertas na Luz.
Para já, ficou o aviso. Um aviso sério.
O triunfo surgiu num penálti sobre Ivanovic caído do céu, com os encarnados com muitas dificuldades em dominar o seu adversário, que criou várias oportunidades flagrantes para marcar, ou sequer, no mínimo, controlar a partida com bola.
As fragilidades apareceram ao minuto 1 e ao 90.º, e em tantos outros momentos desde o apito inicial.
É verdade que o relvado estava em péssimo estado, mas a exibição foi paupérrima.
O processo de Lage — que ainda assim, por força das circunstâncias, leia-se a iminente saída de Akturkoglu caso lisboetas e turcos se entendam, tem apostado em alguém que atenua parte dos problemas de ligação entre meio-campo e ataque, como é Schjelderup — passa sobretudo por bombardear bolas para as costas da linha defensiva rival, seja para o norueguês, Ivanovic ou Pavlidis, e se isso não resultar recuperar a segunda bola. Lembram-se do FC Porto de Sérgio Conceição nos momentos em que teve menos massa crítica? É um pouco do mesmo.
Só que será mesmo assim que o Benfica pretende enfrentar esta temporada?
O ataque posicional foi mais uma vez nulo, tapado o corredor interior pelos jogadores da casa, e os construtores Enzo e Ríos sofreram. Os encarnados não tiveram espaço e bloquearam. Muito. Ainda que num ou noutro momento pudessem ter chegado ao golo, porque isso faz parte de terem mais talento.
Parece haver uma ânsia enorme agora da maior parte dos futebolistas em bater rápido na frente para surpreender o adversário, que até já está à espera. Têm de ser ordens do treinador.
É necessário sublinhar que o plantel não está completo, ainda que não pareça haver novidades para breve, a duas semanas de fechar a janela. Faltam elementos para ligar as pontas soltas, seja a partir dos flancos ou pelo meio.
Falta também que os dois avançados criem uma química própria.
O que faz com que, para já, o peso esteja muito assente em Enzo e em Richard Ríos, que por ter mais obrigações em desequilibrar, já começa a ouvir as primeiras críticas. Algo injusto talvez, porque não pode ser só ele a arriscar e a verticalizar, sobretudo a partir da posição 8 num duplo-pivot.
Não pode haver dúvidas da sua qualidade, ainda que o estatuto de ser a contratação mais cara do clube possa pesar. O melhor Ríos que vi foi na seleção colombiana e em fases finais. Se esse jogador passar um dia por Portugal ninguém se lembrará do que custou. Mas temo que nem pelo Brasil tenha passado. De todas as maneiras, precisa de tempo. E de ajuda.
Bruno Lage tem muito em que pensar.
Embora, dificilmente vá mudar o seu plano.
É em transição que quer jogar. Mas mesmo em transição pode jogar de outra forma."

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