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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Ondas agitadas no mar da Luz (como sempre)


"Arrancou a temporada 2025/26 e até agora o Benfica segue imparável. Pelo menos nos números. Quatro jogos, quatro vitórias, seis golos marcados, zero sofridos e já um novo troféu para o Museu Cosme Damião. Contudo, indo além do resultadismo há sinais de inquietação no mundo Benfiquista. Como sempre, aliás. E, na maior parte das vezes, com razão de ser.
A exibição na Amadora foi pavorosa e fica a clara sensação que está a faltar o tal criativo de que todos falam (menos Bruno Lage). Um extremo, um segundo avançado, um número 10 à antiga?
Pode ser qualquer um deles, mas é preciso alguém com golpes de magia que desbloqueie o autocarro do Tugão. Porque já se sabe que jogo coletivo ofensivo de posse não é o forte das equipas de Bruno Lage. É sempre bem mais forte em transições rápidas, mas não é assim que o Benfica consegue ou pode jogar em 90 por cento dos jogos do campeonato português.
Sobram também dúvidas sobre a dupla Pavlidis-Ivanovic. Vão casar bem? Não deveria jogar apenas um? E Richard Ríos? Para quem custou 27 milhões, ainda parece muito fora dela. Em ritmo de Brasileirão e isto aqui é Europa.
Já sei, já sei. Já os oiço.
«Lá está ele sempre a dizer mal, sempre a criticar. Está sempre tudo mal! Apoia, garotão!»
Lá vão então os pontos positivos: Primeiro que tudo, a Supertaça Cândido de Oliveira. É sempre ótimo ver o Benfica a vencer troféus. Um capitão do Glorioso a levantar uma taça é o universo a fazer sentido. E eu sempre odiei a conversa do «mas esse troféu pouco importa». Blasfémia!
Todos os troféus interessam. Somos o Sport Lisboa e Benfica. Ou deveríamos ser. E um esfomeado não fala de preferir um prato a outro. Pouco temos vencido. E, já agora, pouco temos vencido o Sporting também ultimamente, o que é o mundo de pernas para o ar.
Benfica derrotar o Sporting é a lógica natural das coisas a regressar ao seu sítio. Também seguimos em frente na Liga dos Campeões, entrámos a ganhar no campeonato e Dedic, Enzo e Ivanovic parecem ser reforços a sério. E acreditemos que também Ríos o será.
E que mais ocupa a atualidade Benfiquista? As eleições, pois claro está! Em outubro vem a decisão mais importante dos benfiquistas nos últimos anos. Vamos finalmente deixar para trás duas décadas de Vieirismo e seguimos em frente, ou continuaremos neste marasmo de mais dos mesmos? O pai deste vírus que se agarrou ao Benfica no seu momento mais frágil (o Vietname) continua a ponderar se avança ou não para as eleições. Acredito que avançará.
Nota-se uma sede de vingança [de Vieira] em relação a Rui Costa, temerá o que pessoas novas e uma auditoria a sério ao clube poderão (mais) revelar e tem tantos processos em tribunal à espera dele que o escudo do Benfica deverá ser-lhe novamente muito útil. Cabe aos benfiquistas recusarem tudo isto. Confesso que pensar que há um só sócio do Benfica a ponderar votar novamente em Luís Filipe Vieira me choca. Quanto mais, a perspetiva de poder ser um candidato com possibilidades de vencer.
Quanto ao filho do Vieirismo, Rui Costa, fez um vídeo de dois minutos sozinho a dizer que se recandidata e o resto da campanha é feito com o pior que aprendeu do seu pai. Usar cimento, golpes baixos e recursos do clube para lutar pela reeleição. À falta de títulos, apresentou um projeto faraónico para as imediações do Estádio da Luz - sem se perceber muito bem como e com que dinheiro se vai fazer tal transformação - e o resto é novamente ir despejando dinheiro na equipa de futebol (mais de 100 milhões de investimento) e ir respondendo aos restantes candidatos (principalmente Noronha Lopes, que será quem mais os assusta) com comunicados do clube que deviam ser apenas da sua campanha.
E há os quatro candidatos que vêm de fora do Vieirismo (acreditemos nisso, não quero entrar em teorias da conspiração). Isto é uma coluna de opinião e por isso isto são as impressões no momento, do cronista.
E as críticas que farei, parecem-me ser construtivas: Cristóvão Carvalho aparenta ter um orçamento muito largo para a sua campanha e tem tido fundos e criatividade para a sua propaganda. Tenho mais dúvidas quanto às suas ideias e a insistência no voto eletrónico - já debatido e, em traços gerais, recusado em Assembleia, com algumas fake news à mistura - não me parece bom sinal.
Martim Mayer tem sempre o bonito trunfo de ser familiar de Borges Coutinho mas, claro, só isso não chega. Fez recentemente um vídeo a atacar Noronha Lopes que também me pareceu um pouco sem sentido. E teve uma participação na tv que me pareceu muito mal aproveitada. Principalmente quando ouve comparações entre Luís Filipe Vieira e o seu avô, como se fosse possível comparar a grandeza e pureza dos dois Presidentes e fica calado.
Outro sinal preocupante. Mas ambos ainda são relativos desconhecidos e terão de continuar a mostrar argumentos para fugir a uma votação reduzida. Mas ainda há tempo para ambos. Sobram os dois candidatos outsiders com mais força neste momento: Noronha Lopes e João Diogo Manteigas. Nesta ordem precisa, parece-me. Pelo menos, neste momento. Noronha Lopes já é alguém conhecido do grande público, fruto da sua candidatura em 2021 e de já alguns anos na ribalta. Tem também apoios fortes de figuras conhecidas, tanto do meio audiovisual, como do meio benfiquista.
Sobram algumas dúvidas sobre o seu conhecimento do mundo do futebol e aqui e ali tem cometido algumas gafes, mas tem como melhor trunfo os seus conhecimentos de gestão, uma campanha ativa e enérgica com muitos voluntários e muita força e uma equipa que se prevê forte. Parece ser neste momento o alvo a abater para Rui Costa e a «estrutura» há muito instalada no Benfica.
A correr um pouco por fora, digamos assim, está João Diogo Manteigas. Ainda não com tanta notoriedade (e apoio, provavelmente) como Noronha Lopes, mas parece crescer sempre que fala. Porque demonstra um grande conhecimento sobre os bastidores do futebol português e ideias para o Benfica. É quem está há mais tempo em campanha e parece apresentar-se de uma forma muito transparente para os benfiquistas.
«Olá, sou o João e quero ser Presidente do Benfica.» Agora ou lá mais para a frente, acrescentaria eu. Parece-me ser essa a sua ambição de vida. É um perfil bem diferente de Noronha, menos gestor de tribuna, mais homem de relvado e corredor do estádio, mas, e isto é mais uma crítica que me parece construtiva, precisamos de saber mais de quem o acompanha e ajudava aparecer com mais gente à volta dele.
Se Noronha já tem apresentado multidões e pavilhões cheios, ainda não se viu isso em Manteigas. E, tal como na política, perceção é tudo. Ou vá, muito. Não é por acaso que os políticos em campanha falam sempre com pessoas atrás deles. Para dar um sinal de grande apoio popular. Se não, é apenas um one man show. Mas mais uma vez, tanto Noronha como Manteigas têm tempo.
Ainda faltam dois meses. Dois meses de ideias, debates, aparições nas tv's e nos jornais...e dois meses de resultados do Benfica. Que quer queiramos, quer não, também têm influência na decisão da eleição.
Uma última nota para o Estádio da Luz: já de lotação ligeiramente aumentada, mesmo que pareça um pouco às três pancadas (aquele muro a pedir adeptos com mais de 1 metro e 70 na primeira fila, enfim...) e já neste jogo com o Nice tivemos 64.500 adeptos, o que entra logo na lista das maiores lotações de sempre da nova Luz. E um elogio ao ambiente que se viveu, principalmente da parte dos No Name Boys: a ocuparem a bancada toda, em vez de se aglomerarem lá para cima no corredor, para que mal se vejam (e oiçam) e deixando sempre montes de cadeiras vazias cá em baixo, desta vez viu-se uma bancada muito bem composta e um show vocal bem melhor do que o que se viu nos últimos anos.
Esperemos que seja para continuar, porque eles, tal como os Diabos, são fundamentais para arrastarem o resto do estádio todo numa comunhão de apoio à equipa."

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