"António Gil foi o protagonismo de um perigoso episódio ao salvar a vida do seu colega Mário Moura Alves
No ano de 1958 foi criada a secção de atividades submarinas no Benfica, também conhecida como onça submarina. No verão desse ano, em 5 de Junho, o dirigente da secção Mário Moura Alves estava num pesqueiro a pescar e a praticar actividades submarinas, perto do cabo Espichel, quando um desmoronamento das rochas provocou a sua queda, embatendo nos rochedos e caindo inanimado ao mar. Os acontecimentos seguintes foram dignos de um filme de ação, com o atleta António Gil a 'lançar-se ao mar a fim de salvar um colega que conhecera apenas dois dias antes'.
Foram várias as dificuldades pelas quais passou, como submergir para procurar o náufrago e transportá-lo 'até uma abertura entre duas rochas, nos quais, de pés e costas fincados, apesar das dores que isso lhe devia causar, se colocou, com o sinistrado apertado entre as pernas, para que o mar o não arrastasse', mantendo-se assim por um longo período, enfrentando as vagas que pareciam que os queriam engolir. Outros colegas de equipa acorreram para os ajudar, lançando-lhes uma corda, com a qual António Gil 'com grande dificuldade, conseguiu por sua vez amarrar o Alves, que continuava inanimado', de modo a içarem-no para umas rochas mais acima. Depois, após a maré baixar, 'ainda com risco de escorregar e de se precipitar nas águas e rochedos meio submersos', o valoroso desportista 'subiu apressadamente as arribas e foi ao farol pedir auxílio', entrando-se em contacto com as autoridades.
Entretanto, os faroleiros e os presentes trabalharam em conjunto para escalar as 'perigosas arribas'. O benfiquista 'António Banguezes Domingues aprestou-se a servir de ponte, nas piores passagens de arriba, e sobre as suas costas nuas passaram o sinistrado e alguns salvadores calçando botas cardadas'. Após ter recebido os primeiros socorros em terra firme e recebido tratamento numa clínica, Mário Moura Alves foi internado no Hospital de S. José, em Lisboa.
Foram amplamente elogiados o esforço e o altruísmo de todos os envolvidos, com destaque para António Gil, que, devido ao seu papel neste arriscado resgate, foi distinguido pelo Benfica com a Medalha de Mérito Social e Desportibo, que lhe foi entregue em 20 de Dezembro de 1958.
Saiba mais sobre actividades submarinas e os seus valores atletas na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."
Lídia Jorge, in O Benfica

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