"«Bruno Fernandes está a sacrificar a carreira»; «Bruno Fernandes desperdiçou os melhores anos no Manchester United». São os títulos de duas peças que publicámos em A BOLA nos últimos dias. São opiniões de dois antigos jogadores, um dos Aston Villa, Gabriel Agbonlahor, outro do Manchester United, Phil Bardsley, que, infelizmente para eles, terão tanta autoridade para falar das escolhas de Bruno como eu.
O Reino Unido destaca-se por não ter jornais exclusivamente desportivos – os principais jornais têm relevantes suplementos dedicados ao desporto – e se calhar por isso, o que não precisam de encher em letras no papel, enchem com palavras ditas em programas de rádio e análise em múltiplos programas nas televisões.
Bruno Fernandes acaba de ser eleito jogador do mês de março na Premier League, o que levou a recordar os seguintes dados: foi o seu quinto prémio destes, mas não o recebia há cinco anos. E quando foram os outros quatro? Assim que chegou, no mercado de inverno pré-pandemia, em 2020, arrebatando os prémios em fevereiro, junho, novembro e dezembro. É obra e atesta bem o seu impacto imediato no clube.
Em Inglaterra, além de trabalhar em campo, tem também de perder tempo com os comentadores, os especialistas (pundits, como se diz por lá) e por vezes responder de forma politicamente correta quando a voz é de um peso mais pesado, como o ex-jogador Roy Keane.
Com um percurso de carreira pouco comum, afirmou-se primeiro em Itália (com 20 anos saiu do Boavista para o Novara, jogou ainda na Udinese e Sampdoria) e só depois voltou a Portugal, pela porta do Sporting, saindo dois anos e meio depois, numa daquelas transferências em que não dá para segurar.
Arrisco dizer que ele está a fazer a carreira que quer e tem sido, nos últimos jogos da Seleção, o mais regular. O melhor, até.
O recente noticiado interesse do Real Madrid atesta bem a sua qualidade, que não estará a ser desperdiçada no lado vermelho de Manchester, agora com Ruben Amorim, mas antes a manter o clube vivo. E isso qualquer dia ainda vale uma estátua."
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