"Rui Costa está a jogar hoje, hoje mesmo, 3 de setembro de 2024, uma cartada decisiva para o futuro do Benfica e, mais ainda, para o seu próprio futuro como presidente do Benfica. A insistência absurda em Roger Schmidt, em nome de uma fezada de que a primeira época não fora por acaso (o que implicava que a segunda tivesse sido), resultou num desastre que não era difícil de prever e minou a confiança dos adeptos no que era o maior trunfo teórico do sucessor de Vieira: o conhecimento do jogo.
Uma equipa jogar bem não implica que ganhe sempre, como jogar mal não significa que nunca vença. Do domínio do quase impossível é jogar mal por regra e celebrar no fim. E, no caso do Benfica recente, pior que acreditar que a repetição de uma receita poderia dar resultado diferente, foi moldar todo o plantel em função de uma ideia de jogo que pareceu sempre mais uma ausência dela. Nunca se percebeu no jogar encarnado – falo de modelo, não de estrutura – uma identidade efetiva, que fosse além da banalidade que é a intenção de pressionar para recuperar a bola depressa. Na escolha do novo treinador, o único caminho é o contrário, o de optar por alguém que tenha uma ideia de qualidade e comprovadamente saiba treiná-la. Qualquer outra via - do “nome”, da nacionalidade, do conhecimento da liga ou da firmeza no discurso – como critério de partida será abrir a porta a novo insucesso. E duvido que a presidência de Rui Costa lhe sobreviva.
A comparação também não facilita a vida de quem lidera hoje o clube da Luz. O que se assinala é um Sporting empolgante no rendimento e coerente nas escolhas - Harden como alternativa a Gyokeres, também para o futuro - mesmo se a espera por Ioannidis foi além do razoável, um FC Porto coletivamente competente e que vai somar qualidade individual depois de movimentos de mercado invulgarmente conseguidos num contexto de falência técnica (Fábio Vieira e Samu acrescentam claramente), e um Sporting de Braga que corrigiu cedo a escolha - efetivamente errada? - do treinador e acrescentou talento indiscutível ao grupo, juntando de uma penada Guitane e Gharbi.
E não são apenas os quatro mais fortes que surgem com qualidade acrescentada e potencial reforçado. Tenho mesmo como difícil recordar uma época em que tantas equipas surjam como capazes de surpreender e equilibrar jogos, mesmo diante dos mais fortes. São os ótimos primeiros sinais de Vitória e Famalicão, a competência assinalável de Santa Clara e Moreirense, indicadores de crescimento de Gil Vicente, Rio Ave, AVS e Nacional, e, ainda sem tradução no rendimento, a capacidade de investimento que impressiona de Estoril, Casa Pia e sobretudo de um Estrela da Amadora capaz de juntar Nani, Alan Ruiz e Jovane.
Poderá este ser o mais competitivo campeonato em muitos anos? Arriscaria que sim. Mas isto apenas começou."
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