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segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Benfica: ou vais ou rachas


"A época 23/24 do Benfica continua turbulenta. Ao contrário do ano passado, em que voámos de forma elegante e triunfante até aos engasgos de Abril (mas que ainda assim não estragaram a festa que se adivinhava desde o início), nesta não saímos desta espécie de pára-arranca. Olhamos para a balança e vemos pesos dos dois lados. Os do copo-meio-vazio vêem as más exibições, as lacunas no plantel, a desorientação do treinador, a péssima campanha europeia e os pontos perdidos no campeonato. Os do copo-meio-cheio vêem a Supertaça conquistada, os 3 clássicos desta época ganhos, a liderança a apenas 1 ponto de distância e a confiança num treinador campeão e plantel recheado de talento.
Portanto. Benfica! Benfiquistas. Estamos a entrar naquela fase do "ou vai ou racha".
Há aqui dois caminhos e vou começar pelo que menos quero, o "racha". O cenário é o seguinte: o Benfica na próxima 3ª feira não vai conseguir apurar-se para a Liga Europa, vai perder com o Braga no sábado e as coisas vão ficar (ainda mais) insustentáveis para Roger Schmidt. E ele cai. Para felicidade aparente de muita imprensa em Portugal que por algum motivo se virou contra o alemão desde a 1ª jornada. Os do copo-meio-vazio dirão "até que enfim!". Mas aí virá o dia seguinte: e agora? Nélson Veríssimo consagra-se como o "Mário Wilson" desta década e vem pegar no comando do clube até final da temporada? Ou querem que o Benfica vá ao mercado buscar um qualquer treinador que esteja por aí desempregado? Sentem confiança neste cenário? Que aparecerá um novo "efeito Bruno Lage" que leva o Benfica de forma surpreendente ao 39? Porque honestamente, e vendo até a reação do Estádio da Luz à substituição do João Neves (em 30 anos a ver futebol na Luz nunca tinha visto nada igual. Uma reação tão visceral e agressiva para com uma decisão de um treinador do Benfica) eu acho que Roger não sobrevive a maus resultados nos próximos dois jogos. Pode não ser despedido na noite da hipotética derrota com o Braga, mas cai no próximo mau resultado. Infelizmente o que eu também acho é que "efeitos Bruno Lage" acontecem só muito raramente e o mais provável é termos, tal como em 21/22, uma monótona e triste campanha até final da época. Será mais uma temporada fraca e perdida, como tantas que o Benfica infelizmente faz. Até porque se há coisa que este Benfica moderno já provou é que não é um clube que sabe, em anos maus, do mal o menos, conquistar troféus menos prioritários (a Taça de Portugal e a Taça da Liga, por exemplo). O chamado "salvar a época". Não, quando o Benfica falha, falha sempre com estrondo. 
Temos o outro cenário. Que é o que eu quero e o que acredito que todos os Benfiquistas querem (embora às vezes tenha dúvidas). Que é o que boa parte da imprensa em Portugal e obviamente os nossos rivais não querem. O Benfica consegue na Áustria o apuramento para a Liga Europa (ou até não consegue, mas é digno), sobrevive em Braga e começa a recuperação. Reagrupa as tropas, recupera os jogadores lesionados, o treinador acerta posições, os Rafas e João Mários melhoram desempenhos, os reforços começam a render mais, a bancada da Luz começa a acreditar. E aí, meus amigos, sabemos tanto isto: tornamo-nos imparáveis em Portugal. Já vivemos isto tantas vezes! Épocas em que fomos campeões após o início turbulento e em que a fase do "ou vai ou racha" torna-se em "vai e em modo Ferrari!".
Portanto. Benfica! Benfiquistas. Não estou aqui, neste cantinho da internet, na pequeníssima influência que possa ter na narrativa Benfiquista, a pedir-vos para apoiarem cegamente. Para não verem os erros que o Presidente Rui Costa cometeu no planeamento desta época, nas indecisões e más decisões do nosso treinador e no insuficiente futebol que temos visto esta época. Não estou a pedir gratidão pelo último título conquistado. Sempre odiei esse crédito eterno a quem faz algo que devia ser obrigação, fazer o Benfica campeão. O que peço é que respirem fundo. A solução não é atirar garrafas de água ao nosso treinador quando faz uma substituição. Não é tentar invadir a garagem e chamar nomes aos nossos jogadores. Não é ir na cantiga do bandido e comer esta incessante campanha da imprensa e rivais que batem e batem, porque estão a ver fissuras na parede do Benfica. A solução ou o meu "wishful thinking" (porque confesso que, nas noites mal dormidas a pensar no meu querido Glorioso, temo que o cenário da queda do treinador e de mais uma época perdida seja a mais provável. Mas no dia seguinte acordo e recuso-me a aceitar o fatalismo) é que presidente, treinador e jogadores assumam a sua qualidade, a sua responsabilidade e saibam que o clube que representam exige-lhes o inquestionável máximo. Que estão num momento delicado e fundamental. E que nós benfiquistas fujamos um pouco à tentação que também temos sempre pelo precipício quando as coisas ficam difíceis.
When the going gets tough, the tough gets going.
Do Benfica nunca se desiste!"

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