"Por que razão será que o famoso treinador espanhol se referiu ao jogador nestes termos? Será que tem alguma coisa contra este tipo de adereços? Acredito que não terá. No fundo o que quis enfatizar é que Bernardo Silva não precisa de insuflar o seu ego com o que é acessório.
Foi assim que o treinador do Manchester City, Pep Guardiola, descreveu o português Bernardo Silva, acabado de ser considerado o melhor jogador em campo, no derby de Manchester, em pleno Teatro dos Sonhos ( nome por que é conhecido Old Trafford ). “Sem brincos, sem tatuagens e com um carro normal, um jogador incrível. É um dos melhores jogadores que já vi na minha vida. Tive a sorte de treinar grandes jogadores e este é um deles. Um dos melhores, pela sua inteligência e por ser uma excelente pessoa”. Mas por que razão será que o famoso treinador espanhol se referiu ao jogador nestes termos? Será que tem alguma coisa contra este tipo de adereços? Acredito que não terá. No fundo o que quis enfatizar é que Bernardo Silva não precisa de insuflar o seu ego com o que é acessório.
Em qualquer profissão competitiva, o foco é cada vez mais um fator essencial para atingirmos os nossos objetivos. Muitas vezes, sem darmos conta e completamente afundados nas centenas de distrações que nos colocam à frente, divergimos do que é mais importante, entramos por caminhos laterais, invertendo prioridades e esquecendo-nos do que é imprescindível. Umas vezes por desleixo outras apenas pelo nosso apetite aguçado para futilidades e muitas outras ainda porque achamos que dessa forma agradamos mais aos outros ou conseguimos chamar a atenção a determinada pessoa. Isso acaba inevitavelmente por nos retirar rendimento, castra-nos a rentabilidade e em certos casos serve também para camuflar a nossa falta de jeito ou de produtividade.
Recordo-me sempre de uma pessoa que trabalhou comigo que era um mestre a vender o vazio. Eu às vezes ficava chocado com as coisas que ele dizia para conseguir levar a dele avante. Claro que uns tempos depois teve que fugir do país e por lá se mantém para que as pessoas a quem deu certas “tangas” não lhe puxem as orelhas (para usar uma terminologia simpática ). Ele era capaz de vender um pacote de batatas absolutamente gourmet, feito com os melhores produtos e produto das melhores técnicas, incrivelmente saudável e amigo do ambiente, com azeite virgem extra e pouquíssimas calorias mas com um sabor ainda mais apurado, em resumo, que (quase) toda a gente quisesse comprar. O problema é que quando se abria o pacote não havia nada lá dentro, nem uma simples batata de amostra. Zerinho como diz a minha sobrinha Leonor.
Em suma, o que acho que Pep quis dizer é que quem tem magia não precisa de truques e que o jogador da seleção nacional portuguesa é um mágico que ainda por cima mostra ter os pés bem assentes na Terra. É inteligente e não precisa de chamar a atenção para saber o que realmente representa e onde quer chegar. Eu acrescentar-lhe-ia a tudo o que referiu, o corte de cabelo. É dos poucos que não tem um corte de cabelo “à jogador da bola”. Na verdade numa sociedade cada vez mais ávida em mostrar, em ser reconhecida e com uma necessidade de puxar de galões há por aí gente que em pezinhos de lã mostra como se faz. É também por isso que uns acabam na miséria ou a fugir e outros constroem fortunas."
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