"Em 1907 e 1914, o retrato social dos Sócios do Clube estendia-se a quase todos os sectores de actividade profissional
Atrás dos futebolistas, que correm com os desejos e vontades de um clube, estão os sócios, verdadeiro fiel da balança do universo benfiquista. E quem foram os primeiros a compor a camada associativa encarnada?
Este retrato baseia-se em dois momentos, 1907 e 1914. Estes anos carregavam transformações políticas e sociais da história portuguesa e europeia às quais a massa associativa do Benfica não ficou alheia.
Em Novembro de 1907, depois de uma crise, o Clube contava com 106 Sócios, 76 efectivos (jogadores) e 30 protetores, que contribuíam especialmente com o pagamento das suas quotas. O grosso dos associados do Clube era representado por estudantes, em 30%, seguidos pelos empregados de comércio, que eram 19, onde encaixava Cosme Damião. Ainda se contavam 7 empregados públicos, 3 militares, 2 actores, 2 professores, 2 farmacêuticos, 1 artista e Félix Bermudes como escritor. Não tiveram profissão especificada 35 Sócios.
Sete anos volvidos, em 1914, o Benfica celebrava a sua primeira década de existência com um balanço positivo de 14 títulos regionais conquistados entre os 21 decorridos, nas 4 categorias de futebol.
À época crescia a massa associativa em Lisboa, 'polo dinamizador do futebol'. O crescimento da população na capital e os jogos internacionais que o Benfica empreendeu a partir de 1911 estiveram na base do chamariz que aumentou para quase meio milhar de Sócios no final da gerência de 1913/14.
Dos 489 Sócios, 40% eram empregados de comércio, profissão com maior representatividade, seguidos por 20% de estudantes. Com 11% espelham-se os operários, profissão que ganhou destaque na sociedade, sucedidos por 29 comerciantes, 27 empregados públicos e 25 bancários. Havia ainda 19 proprietários e 10 oficiais do exército. Também eram sócios 2 oficiais da marinha, e da marinha mercante apenas 1. E 5 eram os industriais, médios e professores, bem como 4 trabalhadores ferroviários. Em pares contavam-se despachantes, engenheiros, farmacêuticos e advogados. De notar 1 solicitador e o mesmo escritor de 1907.
Assim se verifica que a associatividade do Benfica não se circunscrevia a uma categoria social, estendendo-se a múltiplos sectores de atividade, exceptuando os trabalhadores rurais, devido às suas condições financeira e geográfica, alheia ao centro urbano onde o desporto se desenvolvia.
Conheça mais sobre o associativismo do Benfica na área 16 - Outros Voos, do Museu Benfica - Cosme Damião."
Pedro S. Amorim, in O Benfica
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