"O sucesso do Campeonato da Europa de Futebol dito feminino é fascinante. A qualidade de jogo e a notável adesão do público (na fase de grupos bateu-se o recorde de espetadores no certame) merecem destaque, constituindo-se como marcos importantes nesta vertente do futebol.
A participação portuguesa foi digna. Com um pouco mais de experiência e capacidade física, a seleção teria lutado pelos quartos-de-final, o que, reconheça-se, seria um feito.
Nos países mais desenvolvidos neste setor, o "futebol feminino" está em acelerada transição para futebol jogado por mulheres. Não é um mero jogo de palavras, antes reflete a há muito necessária e exigida transponibilidade de barreiras misóginas, longe de se cingirem ao futebol, porém, encontrando neste um dos expoentes mais notórios de um mal da nossa sociedade, ainda dominada por homens, apesar dos enormes avanços verificados nas últimas décadas.
Há de facto uma relevantíssima componente de responsabilidade social na promoção da participação feminina nas atividades desportivas. Nos EUA, onde porventura as raparigas mais fazem desporto (em 2018, 43% das raparigas no ensino secundário), verifica-se, entre elas, o dobro da taxa de abandono do desporto até aos 14 anos comparativamente à dos rapazes. Uma campanha da NBA avança com as principais razões: estigmas sociais, dificuldades no acesso e escassez de modelos a seguir.
E há dados que sustentam quão imperiosa é a promoção da participação feminina no desporto, aumentando a confiança, promovendo a vida saudável, estimulando a capacidade de liderança, criando uma imagem própria positiva e incutindo o trabalho em equipa. Num estudo conduzido pela Ernst & Young, concluiu-se que 52% das mulheres em posições de topo na gestão de empresas praticaram desporto a nível universitário. A percentagem decresce para 39% nos cargos de gestão intermédios. E, segundo a Fortune, nove em cada dez mulheres CEO na Fortune 500 praticaram desporto. São números reveladores e que não devem ser ignorados."
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