"Quando foi para festejar os golos de Matateu e Eusébio, não se lembraram que eles tinham nascido em Moçambique. Quando aplaudiram os cortes decisivos de Pepe ou as jogadas a meio-campo de Deco, esqueceram-se de eles serem brasileiros de nascimento. Quando a arte de Mike Plowden nas tabelas deu jeito à selecção nacional de basquetebol, ninguém contestou a sua naturalização. Ou quando Viktor Tchikoulaev deu duas mãos de ajuda à selecção portuguesa de andebol, ajudando-a a chegar a outros patamares, todos acenaram com a cabeça, porque isso era positivo para o desporto nacional. Depois veio Francis Obikwelu, o nigeriano que desertou e, com dois amigos e colegas de treino, se escondeu no Algarve até ser descoberto pelo atletismo do Belenenses. E a velocidade portuguesa chegou a recordista europeia. Nada a dizer, afinal, o rapaz humilde tinha adoptado o país. Das antigas colónias portuguesas, é melhor nem falar na quantidade e qualidade de atletas que se tornaram portugueses para melhor desempenhar a sua arte e talento. Foram umas atrás das outras, e todos ganhámos com isso.
Agora a discussão prende-se com Pedro Paulo Pichardo, um cubano de nascimento com nacionalidade portuguesa que a federação internacional responsável pelo atletismo não deixou competir nos últimos Europeus da modalidade, disputados em Berlim. Logo chegaram os antis - ainda ressabiados com o luso-cubano por este ter batido o recorde nacional do triplo salto - a chorar e clamar pela verdade desportiva num claro exercício de xenofobia que os deveria envergonhar. Pichardo é o melhor saltador português da actualidade. E é isso que lhes dói."
Ricardo Santos, in O Benfica
O evora é filho de santomense e de um costa marfinense.
ResponderEliminarÉ preciso dizer mais?
O problema de Pichardo é ter uma águia ao peito. Tivesse outro e não haveria problema algum.
Miguel