De 17 de Fevereiro de 2018 a 8 de Abril de 2018. Passaram-se 50 dias.
Passou-se apenas pouco mais de mês e meio desde que Bruno de Carvalho conseguiu quase 90 por cento dos votos na alteração dos estatutos (87,3%) e regulamento disciplinar (87,8%), saindo claramente vencedor do braço de ferro em que ameaçou deixar o cargo caso não conseguisse a percentagem que pretendia. No discurso triunfal, entre outras coisas, apelou ao boicote a todos os órgãos de comunicação social.
Não sei o que acontecerá numa nova Assembleia Geral, e até admito que levado às urnas, face ao vazio imediato na oposição, possa voltar a vencer. Essa é uma decisão da exclusiva responsabilidade dos sócios.
O que é visível é uma fractura no Sporting. Foi transparente antes, durante e depois do encontro frente ao Paços de Ferreira:
O apoio aos jogadores por parte do estádio.
A claque histórica a mudar aparentemente de lado em 90 minutos, depois de uma tarja que os colocava contra os atletas.
Os assobios, cartazes e lenços brancos para Bruno de Carvalho a partir das bancadas.
O festejo em grupo de titulares e suplentes no segundo golo, com o líder sentado no banco.
Mais assobios e lenços brancos no final, enquanto este se agarrava às costas e era amparado, e jogadores e equipa técnica se dirigiam à bancada para festejar com os adeptos.
A seguir, as declarações de Jorge Jesus, claramente o mais lúcido em todo o processo.
Depois, as do próprio presidente da Mesa da Assembleia Geral, a anunciar o fim do ciclo.
Passaram-se, lembro, 50 dias. A conquista da Taça da Liga é anterior à AG, tal como a primeira mão da meia-final da Taça de Portugal; e de lá para cá, desportivamente, o Sporting ficou com vida complicada no campeonato e na Liga Europa, mas ainda se mantém com possibilidades em ambas as competições.
De lá para cá, agora fora de campo, foram vários os posts no Facebook, alguns com vários destinatários exteriores e outros com receptores internos, mais propriamente na própria equipa. Um dos últimos foi publicado horas depois da derrota com o mesmo Atlético Madrid que esteve em duas finais recentes da Champions e é um dos grandes candidatos à conquista do troféu, e em que se envolvia directamente com as decisões dos jogadores em campo. Os remates de Gelson e Montero, os amarelos de Coentrão e Dost, e muito mais.
Surgia aí, pela primeira vez publicamente, a fractura, com a reacção corajosa dos futebolistas, desencadeada pela sucessão de intromissões no seu papel.
E se já aí parecia ter-se atingido um ponto sem retorno, Bruno Carvalho continuou a levar o confronto para lá do limite racional, primeiro com a suspensão dos jogadores, depois com o inacreditável comunicado três horas antes do pontapé de saída do Sporting-Paços de Ferreira, decisivo para a equipa na Liga.
Em 50 dias, Bruno de Carvalho implodiu com erros não forçados. De 90% passou a ter um estádio a assobiá-lo e a mostrar-lhe lenços brancos. É vítima de si próprio, de ser mais um adepto-presidente do que um presidente-adepto, e de não querer cumprir o papel mais institucional reservado a um líder. Ser irreverente até seria admissível e justificável, mas as suas acções ultrapassam todos os significados destes conceitos.
Ao que parece, o presidente irá enfrentar os sócios acreditando que estes lhe devem uma espécie de gratidão – disse-o na conferência após a partida –, ideia provavelmente assente no aparente – digo aparente porque não sou especialista em contabilidade, longe disso, sem qualquer tom perjorativo – saneamento financeiro do clube, pese o aumento dos gastos no futebol, e numa outra, em que o Sporting está mais perto de Benfica e FC Porto na luta pelos troféus, com uma Taça, uma Supertaça e uma Taça da Liga conquistadas em cinco anos.
Não acho que Bruno de Carvalho se sinta derrotado, e até tem o vazio na oposição em que apoiar nova candidatura. Acredito também que se o clube quer ter outro líder terá de criá-lo primeiro, ou arrisca-se a não sair da cratera criada por esta implosão do seu presidente.
Acho também que será tarde para Bruno. Não o vejo a querer mudar, e a perceber realmente o seu papel – e atenção que isto não deve ser lido com o perder a irreverência, mas sim defender os interesses com inteligência, classe e até estratégia – e, como tal, dificilmente deixará de ser inimigo de si próprio e, em certos momentos, do seu próprio clube.
É a altura de o Sporting dar resposta a si mesmo."
Passou-se apenas pouco mais de mês e meio desde que Bruno de Carvalho conseguiu quase 90 por cento dos votos na alteração dos estatutos (87,3%) e regulamento disciplinar (87,8%), saindo claramente vencedor do braço de ferro em que ameaçou deixar o cargo caso não conseguisse a percentagem que pretendia. No discurso triunfal, entre outras coisas, apelou ao boicote a todos os órgãos de comunicação social.
Não sei o que acontecerá numa nova Assembleia Geral, e até admito que levado às urnas, face ao vazio imediato na oposição, possa voltar a vencer. Essa é uma decisão da exclusiva responsabilidade dos sócios.
O que é visível é uma fractura no Sporting. Foi transparente antes, durante e depois do encontro frente ao Paços de Ferreira:
O apoio aos jogadores por parte do estádio.
A claque histórica a mudar aparentemente de lado em 90 minutos, depois de uma tarja que os colocava contra os atletas.
Os assobios, cartazes e lenços brancos para Bruno de Carvalho a partir das bancadas.
O festejo em grupo de titulares e suplentes no segundo golo, com o líder sentado no banco.
Mais assobios e lenços brancos no final, enquanto este se agarrava às costas e era amparado, e jogadores e equipa técnica se dirigiam à bancada para festejar com os adeptos.
A seguir, as declarações de Jorge Jesus, claramente o mais lúcido em todo o processo.
Depois, as do próprio presidente da Mesa da Assembleia Geral, a anunciar o fim do ciclo.
Passaram-se, lembro, 50 dias. A conquista da Taça da Liga é anterior à AG, tal como a primeira mão da meia-final da Taça de Portugal; e de lá para cá, desportivamente, o Sporting ficou com vida complicada no campeonato e na Liga Europa, mas ainda se mantém com possibilidades em ambas as competições.
De lá para cá, agora fora de campo, foram vários os posts no Facebook, alguns com vários destinatários exteriores e outros com receptores internos, mais propriamente na própria equipa. Um dos últimos foi publicado horas depois da derrota com o mesmo Atlético Madrid que esteve em duas finais recentes da Champions e é um dos grandes candidatos à conquista do troféu, e em que se envolvia directamente com as decisões dos jogadores em campo. Os remates de Gelson e Montero, os amarelos de Coentrão e Dost, e muito mais.
Surgia aí, pela primeira vez publicamente, a fractura, com a reacção corajosa dos futebolistas, desencadeada pela sucessão de intromissões no seu papel.
E se já aí parecia ter-se atingido um ponto sem retorno, Bruno Carvalho continuou a levar o confronto para lá do limite racional, primeiro com a suspensão dos jogadores, depois com o inacreditável comunicado três horas antes do pontapé de saída do Sporting-Paços de Ferreira, decisivo para a equipa na Liga.
Em 50 dias, Bruno de Carvalho implodiu com erros não forçados. De 90% passou a ter um estádio a assobiá-lo e a mostrar-lhe lenços brancos. É vítima de si próprio, de ser mais um adepto-presidente do que um presidente-adepto, e de não querer cumprir o papel mais institucional reservado a um líder. Ser irreverente até seria admissível e justificável, mas as suas acções ultrapassam todos os significados destes conceitos.
Ao que parece, o presidente irá enfrentar os sócios acreditando que estes lhe devem uma espécie de gratidão – disse-o na conferência após a partida –, ideia provavelmente assente no aparente – digo aparente porque não sou especialista em contabilidade, longe disso, sem qualquer tom perjorativo – saneamento financeiro do clube, pese o aumento dos gastos no futebol, e numa outra, em que o Sporting está mais perto de Benfica e FC Porto na luta pelos troféus, com uma Taça, uma Supertaça e uma Taça da Liga conquistadas em cinco anos.
Não acho que Bruno de Carvalho se sinta derrotado, e até tem o vazio na oposição em que apoiar nova candidatura. Acredito também que se o clube quer ter outro líder terá de criá-lo primeiro, ou arrisca-se a não sair da cratera criada por esta implosão do seu presidente.
Acho também que será tarde para Bruno. Não o vejo a querer mudar, e a perceber realmente o seu papel – e atenção que isto não deve ser lido com o perder a irreverência, mas sim defender os interesses com inteligência, classe e até estratégia – e, como tal, dificilmente deixará de ser inimigo de si próprio e, em certos momentos, do seu próprio clube.
É a altura de o Sporting dar resposta a si mesmo."
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