"Tenho, a partir de hoje, o grato prazer de colaborar com esta casa enquanto seu colunista. E esse privilégio permite-me tentar criar, neste espaço de opinião e reflexão, a oportunidade perfeita para esclarecer todos os que adoram futebol sobre algo que lhes é devido há muito tempo: a explicação sobre como funciona, de um modo geral, o mundo da arbitragem em Portugal.
Nesse sentido, o que se pretende é, de uma forma clara, livre e independente, tentar desmontar um conjunto de mitos e tabus relativamente a este universo. Porque muitas vezes, paz e guerra estão à distância de uma só palavra.
Uma das críticas mais fortes apontadas ao sector é precisamente essa. A de não haver palavras. Apenas falta de comunicação. E que essa opção - de silêncio teimoso - levanta suspeitas e ruídos desnecessários.
Mas é importante que se perceba, antes de mais, que esse silêncio obedeceu, desde sempre, a duas regras. Uma por obrigação e outra por estratégia: a primeira resulta de uma imposição regulamentar internacional (a FIFA sempre proibiu intervenções técnicas). Nada a fazer quanto a isso. A segunda resulta de uma lógica facilmente perceptível: se as críticas destrutivas nunca paravam quando alguém do meio falava (fosse para defender uma posição ou para assumir um erro), a única resposta sensata era a de não dizer nada. Compreensivelmente.
Mas o que é certo é que estes são outros tempos. Esta é a era das redes sociais, do imediatismo da informação e das tecnologias, que agora chegam em força ao futebol. Hoje em dia, o silêncio não fala. É mudo. E permite interpretações dúbias, sobretudo se protagonizadas por uma classe constantemente sob suspeição.
O primeiro grande desafio do próximo Conselho de Arbitragem é pois o de vencer esses obstáculos. Da distância e do silêncio.
É o de tentar aproximar-se cada vez mais das exigências que o futebol moderno acarreta. É o de saber comunicar. Com inteligência e com estratégia. É o de abrir as portas da sua casa de forma serena, tranquila e acertada. Ponderada.
Porque o mundo do futebol duvida de tudo o que diz respeito à arbitragem. Duvida de processos classificativos, de critérios de nomeação e de formas de avaliação. Duvida do nomeador, do árbitro e do observador. E as dúvidas tendem a aumentar à medida que o sector tende a fechar-se.
Hoje em dia, muitos dos treinos das equipas são à porta aberta, as contratações são públicas e as conferências de imprensas de treinadores e jogadores abundam. Tudo para esclarecimento de quem verdadeiramente sustenta o futebol: o adepto e os respectivos patrocinadores.
Não faz por isso sentido que uma classe permanentemente sob suspeita seja a única a viver numa obtusa lei da rolha. Para seu benefício, tem que assumir postura precisamente oposta. Porque a partir do momento em que tudo se torne claro e transparente, só será desconfiado quem nunca gostou verdadeiramente de futebol."
Duarte Gomes, in A Bola
PS: Por acaso, até não acho que pôr os árbitros a 'falar' vá dar resultados positivos!!! O próprio Vítor Pereira, tentou fazer isso no início dos seus mandatos, mas as agendas próprias e a propaganda dos aldrabões que poluam o Tugão, acabam sempre por interpretar as palavras à sua maneira...!!! Quando temos gente a defender que o atropelamento do Naldo em Arouca, não era penalty, pôr os árbitros a explicar as suas decisões, não vai acrescentar muita coisa... bem pelo contrário!!!
A análise do Pedro Henriques sobre o lance do Naldo em Arouca é espectacular: Diz ele que não foi penalty porque é o avançado que promove o contacto...
ResponderEliminarEsta está ao nível das justificações para a absolvição do Slimani...
E assim vai o futebol tuga. No dia em que houver video-vasco é que vai ser lindo...
E o video arbitro vai ser igual,ou seja nao vai mudar nada porque como se ve nem com imagens em slow motion e em varios angulos se consegue chegar a um consenso.
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