"Haverá poucas formas de ser mais credível que deixar de esconder tudo o que pode dar origem a teorias da conspiração. Os relatórios de árbitros e observadores a jogos de futebol são disso mesmo bom exemplo.
Em Portugal, Jorge Jesus, com três expulsões do banco de suplentes esta época, viu o castigo relativo à última ser anunciado: multa de 192 euros. Já José Peseiro, expulso em Braga num jogo que ditou o princípio do fim das esperanças portistas de ser campeão, também se limitou a pagar multa.
Por outro lado, o treinador do Belenenses Julio Velazquez, expulso uma única vez, logo apanhou castigo de 10 dias de suspensão, enquanto Petit, treinador do Tondela, foi severamente punido, também por expulsão, com 25 dias longe do banco de suplentes. Já Rui Vitória, que desde que chegou ao Benfica só foi expulso na Champions, frente ao Bayern, enquanto treinador do V. Guimarães apanhou 10 dias e mais de 700 euros de multa.
Perante o padrão clube-rico-castigo-curto-clube-menor-castigo-maior e ainda perante a falta de dados oficiais, é natural que os adeptos se perguntem pelas razões de tal discrepância disciplinar. Facilmente lhes responderão os responsáveis pelo Conselho de Disciplina que se limitam a analisar relatórios e a aplicar os regulamentos, sem benefício de alguém. Mas num Mundo dominado pela velocidade (e alcance) da informação, há que cortar de vez o espaço à dúvida e fazer como em Espanha, onde no próprio dia dos jogos a federação torna públicos os relatórios dos árbitros.
Só assim será possível acabar com os jogos de bastidores, com as mentiras, com as guerras de influências. O que deve proteger os árbitros e treinadores é a verdade, não o segredo. A menos que achemos todos que é grande avanço civilizacional andar a ler os lábios dos expulsos em vídeos como o da última expulsão de Jesus."
Nuno Perestrelo, in A Bola
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