"Durante o Estado Novo tivemos limitações à liberdade de expressão e uma censura na Imprensa condenada pela maioria dos portugueses. A mesma maioria que não se lembra que esta mesma liberdade de opinião foi conseguida ao fim de muitos anos, e com grande sacrifício de alguns. Ter esta liberdade implica respeito pelos outros, salvaguardar as diferenças sem ter receio de defender as nossas posições, mas nunca ultrapassar o espaço de cada um. Quando se trata de um espaço pessoal e privado, as manifestações não têm necessidade de um controlo tão efectivo, contudo, quando se passa para o plano público essas limitações acontecem. É esta diferença entre o público e o privado que os agentes do futebol português têm que entender. E agentes são todos os intervenientes, sejam jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes, jornalistas ou adeptos.
O crescente nível de agressividade verbal, que chega facilmente ao insulto, tem sido a imagem mais negativa dos últimos anos no futebol. Apelidem-nos de mind games, mas a verdade é que estamos a atingir um nível baixo de comportamento. Além de ser diferente um jogo psicológico, os designados mind games, do insulto puro e duro. Para os primeiros é necessário inteligência e classe; para os segundos basta não ter vergonha.
São as declarações dos intervenientes directos no jogo, jogadores e treinadores, de dirigentes e ex-dirigentes, nos muitos programas de futebol falado, de jornalistas e adeptos, em comentários permitidos na imprensa e nos referidos programas televisivos, por vezes a coberto do anonimato, que criam um ambiente constantemente conflituoso.
Já era tempo de se perceber que a credibilidade do jogo não se defende pelo insulto, mas quem devia assumir a censura está censurado. Pensa que defende a liberdade de expressão."
José Couceiro, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!