"O momento escolhido pela cadeia de televisão alemã ARD e pelo credenciado semanário britânico Sunday Times (cinco páginas) para divulgar um conjunto de dados sobre resultados de controlos anti-doping em Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos, apresentados como duvidosos, não podia ser mais perturbador. Eles surgem quando o Comité Internacional Olímpico está reunido em Kuala Lumpur e a menos de três semanas do Congresso da IAAF, onde se irão processar grandes alterações nos seus órgãos directivos.
A ARD clama ter conseguido acesso a informação confidencial da própria IAAF sobre os 11 anos que mediaram entre 2001 (refira-se que apenas em 2000 foi desenvolvido um protocolo científico capaz de detectar a EPO e, portanto, só então se iniciaram os testes sanguíneos) e os Jogos Olímpicos de Londres-2012. Segundo a ARD, num conjunto de 12359 testes sanguíneos, realizados a mais de 5000 atletas, existem mais de 800 que sugerem, note-se sugerem, uma elevada probabilidade da existência de doping ou, pelo menos, devem ser considerados anormais. A maior incidência de anormalidade ocorre nas provas de meio fundo, fundo e marcha, nas quais, a percentagem atinge os 33 por cento.
Recorde-se que a mesma cadeia televisiva, em Dezembro, apresentara um documentário em que acusava, então, objectivamente, atletas russos. Os dados enviados para Comissão Independente da Agência Mundial Antidopagem provocaram a suspensão de diversos atletas e ao consequente pedido de demissão do cargo de Tesoureiro da IAAF, do então presidente da Federação Russa de Atletismo. Aliás na lista dos países eticamente menos limpos, na qual Portugal ocupa um muito pouco honroso 18.º lugar (8 casos de doping sanguíneo), a Rússia surge no topo da lista com 30 casos, seguido da Ucrânia com 28 e da Turquia com 27! Irão aquelas reportagens a tempo de refrear alguma falta de ética em Pequim?"
Carlos Cardoso, in A Bola
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