"No futebol português vive-se um tempo de acerto de contas. Parece que neste 'verão quente' alguns desejam 'outra revolução'.
1. Estamos a acertar as contas da segunda jornada da nossa principal Liga. E com surpresas que alguns não antecipavam. Mas a jornada só termina, amanhã, em Coimbra.
E que tem hoje, ao final da tarde, num esgotado Estádio Municipal de Aveiro um interessante Arouca-Benfica. Aveiro merece ter, mesmo através desta forma singular de empréstimos, futebol de primeira. Já que o seu Beira Mar desceu aos distritais mostrando quanto pode ser desastrado o investimento dito estrangeiro no futebol português. E casos similares são evidentes de norte a sul de Portugal! E só não vê quem não quer ver!!! O Estádio Municipal de Aveiro merece mais estes noventa minutos. Como o Algarve mereceu a Supertaça e merece a selecção de Gibraltar. Ou o Municipal de Leiria, mais finais de competições internas e jogos das nossas diferentes selecções nacionais. Todos estes estádios ajudaram, e decisivamente, Portugal a ganhar o Europeu de 2004 e ficaram os Municípios envolvidos com muitas contas para acertar!
Mas, hoje, em Aveiro, respeitando o Arouca de Lito Vidigal, o Benfica tem de entrar no jogo com a velocidade dos últimos quinze minutos do passado domingo face ao Estoril. E com a imensa qualidade técnica dos seus jogadores - dos mais experientes aos garotos que foram uma surpresa bem agradável para muitos que não os conheciam! - Rui Vitória terá, acredito, razões à brava, para sorrir no final do jogo.
Mas no arranque da terceira, da próxima jornada, os principais clubes portugueses já saberão as diferentes contas no que respeita aos seus adversários nas competições europeias e, logo, terão condições para a programação de todos os seus jogos, incluindo já os da Taça de Portugal, até à pausa do Natal.
E desejando nós que o Estádio do Restelo, em tudo bem português, acolha atractivas marcas europeias na fase de grupos da Liga Europa. Correspondendo ao sonho aguerrido do Presidente Rui Pedro Soares e à liderança humana e técnica de Ricardo Sá Pinto!
Mas o acerto das contas é bem relevante. Sabemos todos que na quinta jornada da Liga - no fim de semana de 20 de Setembro, vésperas de São Mateus - teremos um Futebol Clube Porto-Benfica. Ou seja logo a seguir à primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. Não há tempo para não olhar para as contas. Principalmente depois dos resultados de ontem de FC Porto e Sporting, o Benfica não pode ceder pontos. Desde logo hoje em Aveiro. Com a convicção que nesta Liga vai valer tudo. Memórias e traições. Estórias e discórdias. Calúnias e desconfianças. Desespero(s) e, também, momentos de desprezo.
Como poderemos, desde já, antecipar. E com porta vozes inesperados e disputas de cachas que estarão para além das novidades quanto ao final de mercado de transferências. Faltam vozes que ajudem a diminuir a tensão. Que anda no ar. Que se sente e se pressente. Muito!
Como ressalta, e bem, das reacções de ontem em Alvalade após a surpresa do empate do Sporting frente ao Paços de Ferreira! E agora, em Moscovo, está muito em jogo. Desde logo catorze milhões de euros. Muito, mas muito dinheiro! Bem necessário a todos os níveis! Sob pena de se terem que acertar as contas!
2. No futebol português vive-se, de verdade, um tempo de verdadeiro acerto de contas. Parece que alguns desejam, neste verão bem quente - e que ainda vai aquecer mais, acreditem! - uma outra revolução. Como aquela que quase dividiu Portugal ao meio há quarenta anos. Em que a fronteira era Rio Maior! Agora, e bem, e com o empenho da sua dedicada Presidente da Câmara, um Município profundamente ligado à prática e à reflexão desportivas.
Agora alguns pretendem, às claras uns e em surdina outros, um acerto de contas com o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, e em particular, com o seu Presidente Vítor Pereira. Os sinais sentem-se. Escutados e escritos. Ouvidos e lidos. E, aqui, importa que todos os principais responsáveis e estruturas do futebol português afirmem, expressamente, que os mandatos são para cumprir. Importa que a estabilidade directiva seja assumida e que não haja, a cada semana, e consoante os espaços territoriais, formas de condicionamento da arbitragem. E falo da arbitragem no seu todo, envolvendo o conjunto das suas secções e dos seus actores. Sejam os formais sejam os informais. E, necessariamente, a estrutura representativa do conjunto dos árbitros portugueses.
Resolvida que está a questão das contas dos árbitros - logo acertadas! - importa deixar para o tempo próprio o acerto da lista eleitoral - que não será única, acredito! - para o próximo ato eleitoral da Federação Portuguesa de Futebol. Até lá deixem trabalhar o Conselho de Arbitragem!
E deixo-lhes um rico naco de prosa de Dinis Machado: «Lembro-me de ordens emanadas de cima (expressão da época, com sobrolho carregado), de carácter correctivo, em benefício da frágil e faltosa plebe, pelo menos o da maioria, que se pretende, não sei bem porquê, menos frágil e menos faltosa». E o resto deste naco brilhante de prosa foi aqui publicada, neste jornal, na sua edição de 16 de Outubro de 1993 com o título «as complicadas regras do jogo»! Ontem como hoje!
3. (...)"
Fernando Seara, in A Bola
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