"Há expressões que sempre achei curiosas no futebol. Umas já em desuso, outras nem tanto e outras ainda em reciclagem. Ao correr do teclado, lembro-me da palavra cacho quando se marca um um canto ou um livre junto à área. Não de uvas sumarentas, mas de jogadores que se elevam engalfinhados para, em função de ataque ou de defesa, cabecear, empurrar ou simplesmente estorvar.
Outra palavra já pouco usada, é a de tento referindo-se a um golo. Golo que se tenta ou tento que se confirma.
Lembro-me, ainda, do pundonor, do gabarito, do engenho e da codícia, palavras amiúde repetidas em conjunto e com que me deliciava ouvindo os locutores radiofónicos dos jogos. Ou de um remate mal-intencionado, expressão que sempre achei dúbia para qualificar um pontapé perigoso que até poderia dar golo. Mal-intencionado porquê e para quem?
Já agora, com o desenvolvimento do futebol feminino, não será melhor alterar a expressão marcação homem a homem para lhe dar um léxico mais consentâneo com a tão invocada perspectiva de género: marcação pessoa a pessoa ou até marcação atleta a atleta (pois que atleta... tanto dá para homem como para mulher)?
E o que dizer de um jogador amarelado? Estará com icterícia? E se for chinês ou japonês, que cor se deverá usar? E nos dias de chuva, não será um desperdício ecológico falhar de chuveirinho? E uma folha seca fora de Outono não será batota? E cavar uma falta não será um pouco tétrico? E marcar um golo do meio da rua será possível agora com a espuma que os árbitros usam para medir as distâncias? E que dizer dessa ambígua expressão de um buraco no meio campo?"
Bagão Félix, in A Bola
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