"Lembro-me bem quando Jesus chegou ao Benfica e logo prometeu que, com ele, a equipa ia 'jogar o dobro'. A promessa, é um facto, não se concretizou. O Benfica de Jesus, quando comparado com o do inenarrável Quique Flores, não jogou o dobro, mas sim, no mínimo, o quádruplo. Por estranho que possa parecer, jogar bem passou também a ser o principal dos problemas do Benfica das últimas temporadas.
Não me entendam mal. Como qualquer adepto, sou muito sensível à nota artística e o futebol precisa de equipas capazes de dar espectáculo. O problema é que o Benfica dos últimos anos tem dificuldade em jogar mal. E uma equipa para ganhar títulos precisa mesmo de saber jogar mal - gerir resultado e manter os ritmos dos jogos em cadência baixa.
Tem sido sempre assim com Jesus: temos a avalanche ofensiva, com um carrossel estonteante que deixa os adversários à banda; já quando é preciso controlar o jogo, o Benfica apresenta problemas. Na maior parte das partidas, a questão nem se coloca. O balanceamento atacante da equipa revela-se a melhor defesa e a qualidade individual e a organização colectiva chegam e sobram para as encomendas.
Este ano, contudo, a questão é diferente. Com um plantel mais curto, com menos talento em posição-chave e com muitas rotinas ainda por aprimorar, o Benfica vai precisar de saber jogar mal para conquistar títulos. Como, aliás, se viu na Choupana este fim de semana: assim que demos a volta ao marcador, passámos a sofrer.
Construir uma equipa 'resultadista', capaz de gerir jogos, é o principal desafio que se coloca a Jesus, hoje. Convenhamos que, mesmo assim, é uma tarefa comparativamente pouco exigente. Afinal, o que é ensinar a jogar mal quando comparado com o que foi montar o carrossel atacante que caracteriza o Benfica dos últimos anos?"
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